Wednesday, October 31, 2007

Negação

Não me ame
Não mereço
Não me pague
Não me vendo
Não insista
Não agüento
Não discuta
Não discordo
Não apele
Não suporto
Não desconfie
Não suspeito
Não precise
Não ajudo
Não idealize
Não disfarço
Não me julgue
Incondenável
Não me negue
Inegável
Não doa
Não alivio
Não vicie
Não vicio
Não espere
Não chego
Não gele
Não abrigo
Não me durma
Não anoiteço
Não me desperte
Não acordo
Não vem
Não tem
Não minta
Não acredito
Não se destrua
Não me compadeço
Não necessite
Não ofereço
Não se orgulhe
Não agradeço

Não me ame
Não mereço

Tuesday, October 30, 2007


Combustível

Cheiro de gasolina
Perfume barato
A poeira seca meus olhos e minha garganta
Mas já avisto um bar
Para molhar minha alma com cerveja e whisky
Aquecer meu sangue
Acelerar nas curvas de uma terra-fantasma
Cheia de gente indecente e fácil
Violenta e livre
Esqueci quem eu era
Esqueci as regras
Deixa a sorte dar o tom da balada
Alguma boca me morde na calada
Eu relaxo mas esperto com quem passa
Puxo uma cintura pra perto da minha
Enquanto a noite se agiganta
Hora de açoite e veneno
Morder e assoprar a ferida
Que nunca fecha
Quando as portas do inferno se abrem
Meu prazer é efêmero
Rápido
Ao nascer do dia já não há mais nada
Além de mais estrada
Se perdendo no horizonte de um nunca-chegar
A bota é suja como os pneus
Sujos de histórias de quem resolveu
Rasgar o roteiro
E procurar a alma que um dia perdeu
Já sabendo que nunca vai encontrar
Por mais que ande, que o combustível arda
Que a velocidade alimente
Que o suor molhe e o sol queime

Cheiro de gasolina
Perfume barato
Segura minha mão e não acredite em salvação
Cães de rua, vadios e famintos de incerteza
Dormindo com os esquecidos
Mijando aonde mijam os mendigos
Peito ferido se calou
Para que o ímpeto pudesse guiar
Não acredite em mim, pois não acredito em nada
Você não pode me salvar
Se for contar o tempo passa e a gente pára
Luze mais um cigarro, a fumaça da boca anuncia um trem desgovernado
Prestes a partir
Que segue rumo ao que o destino reserva
Em segredo...

Cheiro de gasolina
Perfume barato
Cerveja, whisky, cigarro
Combustível...




Monday, October 29, 2007


Tardou, mas não falhou: A moda matou e a terra feliz entristeceu!

Pronto!!! Aconteceu o que faltava acontecer: Um jovem entra em coma e morre ao sair de uma festa Rave! E um outro em um acidente próximo ao local da Rave. Aí a mídia, os telejornais e os jornais escritos fazem o alarde de uma coisa que era previsível, mais cedo ou mais tarde ia acontecer.
Venhamos e convenhamos: Todo mundo sabe que as festas Rave são um paraíso de variados tipos de drogas, tudo liberado e explanado. Ninguém pinta pra estragar a festa, polícia de costume não age de forma contundente na repressão ao consumo, os seguranças internos das festas fazem vista grossa, imagina se eles vão incomodar os jovens que estão ali para se divertir, pagaram uma grana boa pelo ingresso e deram um lucro gordo aos organizadores...Hum...
Eu não sou careta e nem conservador, mas acho que além do fato de festa Rave ser uma modinha adorada pelos jovens de classe média, existe também uma demagogia de quem organiza as festas, que sempre defende seu “pão”, dizendo que seus eventos acontecem dentro das normas, das leis, etc...E um cinismo nas declarações dos pais impotentes: Sim, impotentes! Que pai consegue impedir seu filho/a de sair pra uma balada, sair com os amigos?...Impossível. Os pais sabem o que rola, mas coitados, eles não podem fazer nada; Só os resta dar declarações embebidas em cinismo e constrangimento.
Acho que cada um sabe o que faz: Se o cara ou a menina gosta de viajar, usar alguma coisa, pirar a cabeça e ficar dançando horas a fio ao som da porra de um DJ, tudo bem. A questão é que a rapaziada menor de idade ou mesmo os burro-velhos sem noção, na ânsia dessa busca sedenta por algum tipo de prazer, extrapolam e se dão mal: Numa leva dessas infelizmente um moleque de 17 anos morreu.
A juventude sempre pediu a legalização da maconha (Na falta de energia e atitude pra se engajar em questões mais relevantes pra sociedade...) e parece que as Raves foram um oásis a esses que clamavam pela legalização das drogas: As drogas e entorpecentes em geral continuam ilegais perante a lei, porém na Rave você pode acender um baseado, mandar goela abaixo um comprimido de Ecstasy e pôr um papel de LSD em baixo da língua, curtir sua viagem tranquilão que a chance de alguém te incomodar por causa disso é quase zero...Viva, liberdade!!!!!! (hehehe). Musica eletrônica em alto e bom som, jovens sarados ostentando os corpos malhados, dançando sem parar, muita gente reunida, muitos óculos escuros, muita viagem e isso há muitas horas a fio: É um sucesso na Europa e virou moda aqui no Brasil também. Não me interprete mal; Não estou falando mal da moda, apenas relatando o que tem nas festas. (Ao meu ver...).
Pense comigo rapidinho: Nos anos 70 os EUA estavam em guerra com o Vietnam. Inician-se vários movimentos jovens e de vanguarda na América em oposição à guerra: A idealização de uma sociedade alternativa, uma mistura de dor e de desejo de libertação, como formas de dizer não á guerra, culminaram com uma gigantesca reunião de musica e liberdade, com muito rock and roll e drogas em profusão: Woodstock. A juventude tinha uma causa verossímil para se unir, para sonhar, para se lutar por. Hoje não temos causas, nem nos EUA que vive a imbecil “guerra contra o terror” do Bush, se tem um movimento de massa, configurado e atuante, e muito menos aqui. Somos um país pacífico (Pacífico? E a guerra civil que a gente vive no dia a dia pô?), temos milhares de causas para se por em pauta (Como jovens), mas a gente acredita que não temos nada a fazer além do que viver o nosso medo da violência urbana, o medo da competição, medo da assustadora idéia de não se conseguir o que se quer comprar...Então somos vazios, sem bandeiras, somos da moda e somos da Rave, por que pirar a cabeça de vez em quando não faz mal a ninguém, concorda? (Rs).
Chega de falar de Rave, até porque não faz minha linha: Se fosse o caso, preferiria usar LSD olhando o Jimi Hendrix no palco, falando tudo o que aquela juventude queria ouvir e tocando feito um demônio, do que um DJ maluco com aquela parafernália eletrônica no meu ouvido por 17 horas seguidas...
Pqp, o conceito de felicidade da festa furou, já que o nome do sírio é “Terra feliz...”Putz, deixa eu ficar quieto viu...

:)

Monday, October 22, 2007


Sempre

Quando estava no chão, seu braço me levantou
quando não podia enxergar, você foi os meus olhos
quando meu sol se põs, sua presença iluminou minha alma
quando me reduzi a nada, você foi meu tudo
quando eu não conseguia mais acreditar, você foi minha fé
quando a solidão me pesou como um mundo nas costas
você tirou dos meus ombros o fardo
meu corpo sente frio, meu silêncio não me traz paz
é preciso o som da sua voz
quando eu não acreditava mais em mim, você acreditou
força que levanta das sobras
e ergue ao topo
que guarda os passos e espera de braços abertos
que depende e protege
que acalma e revolve
que grita e cala
que apaga e refaz
leva minha dor pra longe
me acolhe em seus braços macios
devolve minha paz de espírito
firma meus pés
desenha meu caminho
me faz ser
me faz viver
me faz sorrir
nesse mundo frio e sem compaixão
cada um se recolhe, se encolhe o peito ao sopro da solidão
chora baixinho antes de dormir
se esquece de sentir
e sem prazer, amortece tudo e parece que até sofrer já não é
nada se sente
nada se cura
alguém maior me quis ver feliz
você aqui meu maior presente
não sou nada sem você por perto
e certo de como o amanhã nascerá
sem mais dúvidas
te quero pra sempre em minha vida
sempre...

Sunday, October 21, 2007



Vanessa da Mata - Boa Sorte / Good Luck
Vanessa Da Mata feat. Ben Harper

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará
Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais...

Saturday, October 06, 2007


Quem
Eu sou o vento que sopra nas ruas
Nos becos
Nas quadras
Nas paredes cheias de história da Lapa
Sou a lágrima cristalina da vitória
E a não menos pura da queda
Aqueço tua pele escura, da cor da noite
Torno vermelho vivo teu sangue antes opaco
Sou teu orgulho e vigor
Tuas raízes e teus antepassados
Sou o divino brilho nos olhos dos pequenos
Sou o grito da torcida
Sou a raça, o pulsar e a intensidade infinita
Sou a terra, o barro, a poeira
Salinidade do mar
Doçura dos rios
Vôo livre pelo ar
A gíria e a bossa do bom malandro
Do bom vivan, o encanto
O cio da juventude
A união em dias de necessidade
A existência incompreendida
Mas cheia de paixão e amor ao próximo
Sou o perder e o achar
O levitar e o suavizar dos sentidos
Te faço andar
Te faço crer mesmo quando não consegues ver a luz
Teus pés pelas ruas
Pela cultura do povo
Em guetos
Em apartamentos
Em palácios
O diamante é simples
Brilha para iluminar teus caminhos
Faz brilhar a ti mesmo de dentro pra fora
Não precisa alarde
Apenas silêncio
Sou quem te diz
E bendigo
Sou redenção
Sou alegria, festa e valor
Sou êxtase
Sou profusão
Ilusão, paixão e delírio
Gozo e eternidade
Unha na carne
Continuidade
Eu sou o amor...

Sunday, September 30, 2007


Galhofa

Hoje é noite de rir, gargalhar à beira do escárnio
noite de torta na cara
noite de escorregar na casca da banana e cair sentado no chão
Irreverência e gracejos abundantes
Descompromisso com posturas
Com qualquer imagem piegas com cara de preocupação
Joga charme
Balança o corpo e transpira
Mas o faça rindo, livre e solto
Gargalhando
Hoje é noite de rir de rir do presidente
Do professor de matemática
Do padre da paróquia
Do guarda de trânsito
Do anônimo vestido com cores fora-de-moda, andando desengonçado pelo calçadão
Rir do nós mesmos
Rir e relaxar o corpo
Salve a comédia, o besteirol, a fanfarronice
Viva os imprevistos que constrangem
O ruborizar do rosto sem graça
O sorriso amarelo
Queremos é mais
Queremos tudo e mais um pouco
Sejamos nós e nus
Bobos animais indelicados como brucutus
Passionais e divertidos
Até o dia clarear não existe a palavra seriedade
Não existe responsabilidade com horários e leis
Tricotar da vida alheia
Baixinho
Ou em alto e bom som
Dissuadir nossos sentidos com os fatos que não nos pertencem
Como moleques, pivetes e pixotes sem modos
Quiprocós aplaudidos com elquentes casquinadas
Antes de perder as forças
Antes de nascer o dia
Antes das primeiras lágrimas do palhaço começarem a rolar.

Tuesday, September 11, 2007


É preciso proceder de forma consciente... =)
Molecada, correria
tempo que não volta
Sindikate nem existe mais
mas fica a atitude
irmãos de uma vida toda
sem frescura, sem preconceito
sabendo o lugar que ocupa no jogo
agrupados em torno de uma mesma diversão
no passado e hoje somos mais
mas aí se cresce e o mundo pesa
cobra caro e espera decisões
sem mais decisões de antes sem pressão
era o lance mas se esquivava da pilantragem
era mais na cara
a gente cresce e algumas coisas ficam na história
e outras se carrega como carteira no bolso
aliança na mão
proceder e alma
saudade ás vezes...


Charlie Brown Jr - Di-sk8 Eu Vou

Meu nome é Chorão
Eu sou linha de frente
Mas esqueço do mundo quando ando de skate
De vez em quando eu vou pro baile que é pra sola
gastar
Eu trabalho pra caralho mas nasci pra vadiar
Porque é bem assim q eu sou
O Maloqueiro que virou
Seu castelo de areia, o vento levou
Muitos sabem quem eu sou, mas poucos me conhecem
Uma mulher que eu ja catei, pode crer q não me
esquece
Vencer na vida não é fácil num mundo decadente
Um milhão de recalcados pra puxar o seu tapete
Mas do jeito que eu vim é do jeito que eu vou
É como vivo, como ando, como penso, como sou
De skate eu vim
De skate eu vou
Estamos aí vivendo a vida, seguindo meu instinto
Protegendo minha familia
Skate é minha cara, música é minha vida
Me dê tudo o que eu tenho
E o que eu tenho tem valor
Pode crer que o bom malandro
Também foi meu professor

Eu não sou otário, eu aprendi a lição
A sintonia faz o sangue, o sangue faz o irmão
Vem comigo, então, não liga pra eles, não
Nós somos tudo maloqueiro, eles são tudo cuzão
Eu sou do tempo do skate, do nem fama nem gloria
Quem não conhece o passado
Não tá ligado na história
Tenho skate no sangue, tenho skate na memória
Se você quer minha amizade
Vai ter que provar pra mim
Quem é você de verdade
Se vamos juntos até o fim
Porque eu não quero do meu lado
Alguém que não confie em mim
De skate eu vim
De skate eu vou...

Monday, September 10, 2007



Dramagods - Something About You


All the lies, all the painAll the tears that leave a stainBut when I cry I'll be fineTurning water into wineHolding on, let it goExit hatred, enter hopeDon't forget, just pretendTimes of sorrow soon will endIt's not easyBut there's something about you babyYeah there's something about youEven though I can't explainThere is something about you babyYeah there's something about youI don't mean to complainBut all the endings end the sameBusted heart, ripped apartGlue the pieces and restartHey you, yeah you, gather roundYou living in the lost and foundIt's all a trick not a chanceNo we won't get fooled againIt's not easyIt's so strange this beautiful painA sweeping blow to the headOh amnesia I feel you coming inI think it's time you beginSimulate salvationLove is fuel for the soulWhat Elvis was to rock and rollI don't know but I've been toldThat tomorrow never knowsIt's not so easy

Tuesday, September 04, 2007


Quisera

Quisera eu correr sem rumo
Sem prumo
Empírico
E noturno
Sobejando prazeres
Despido de regra
E de carne
Exausto das vezes
Que meu riso se entregasse
A impetuosos ataques
Livre do enfado
Do cotidiano de gravata e sapato
Sorvendo a beleza
Sibilando as damas de ninguém
Em ruas e esquinas
Em jardins ensolarados
Em caro vintém
Míseros milhões
Rasgando o plano mestre
Jogando a bússola na beira da estrada
E mais nada
Queimaria
Longe do ócio infeccioso
Apenas restaria
A glória de dias ao sabor da sorte
Sem mais temor
Sem mais lágrima ante as negações
Sem comparações
Doces rebeldes
Estão muito acima dos muros
Dos grilhões que não se vê
Mas sentem o gosto amargo
Da ficção na qual se deve crer
Na velocidade dos carros
Incautos
Mesmo em calçadas de bairro
Amados
Incompreendidos
Doces rebeldes que se dão as mãos
Em laço sanguíneo
Ou matrimônio
Comem o mesmo pão
Bebem da mesma fonte
Jamais terão fome de vida
Porque são filhos da liberdade
Antes tarde
Mas que se curam as feridas
Seus olhos que luzem
Me contam a verdade
Dos nossos queridos
E pequenos
Programa perfeito
Num dia desfeito
Me convidaram para uma revolução
De esperança
Sem alarde
Santa
De nada adianta aceitar
O livro que me deram
Receita de bolo
Mapa do tesouro
Se eu não pudesse escrever
Me sentiria um fulano
Quisera eu apenas
Amar
E ser
Quisera ter tudo o que amo


Tuesday, August 21, 2007


Separação

Uma colegial ganhou de sua madrinha um cofrinho em formato de porquinho, a fim de poupar seus trocados e a mesada que recebia dos pais: Logo abriu um sorriso, pois de fato o porquinho era muito simpático e ficaria bem como adorno em seu criado mudo. Pata iniciar o investimento no porquinho, a menina pôs a mão no bolso e tirou cinco moedinhas de dez centavos! Era um início modesto, mas a grande maioria dos inícios são modestos...
A menina comentou no dia seguinte com as colegas de classe do cofrinho que tinha ganhado de sua madrinha; Estava empolgadíssima com o belo e útil presente, principalmente naquela fase da vida, na qual estava se tornando uma jovem de verdade e precisava aprender valores importantes, como economizar e valorizar o dinheiro que se ganha. No fim da tarde, ao chegar em casa e entrar no quarto, a menina logo checou se estava tudo em ordem com o porquinho, sacudindo-o pra ver a quantas ia a sua economia; Ela se lembrou que tinha sobrado troco do lanche que fez na escola, no bolso da calça...Orgulhosa, pôs uma nota de dois reais dentro do porquinho.
Com o passar dos dias, os trocados miúdos e todo dinheiro que seus pais a davam iam direto para o cofrinho, inclusive a mesada, o investimento ia aumentando naturalmente; Cinco reais, dez, vinte, trinta e assim por diante. A menina separava religiosamente apenas o que precisava gastar e o restante investia no porquinho, demonstrando uma disciplina exemplar. Dia a dia o porquinho ia ficando mais pesado, se fosse de plástico teria inchado, mas como era de barro, continuava com o mesmo tamanho e apenas o peso aumentava, para a alegria da menina que contava eufórica o bom progresso para a mãe, pai e amigas de classe, que nessa altura do campeonato já tinham arrumado ou pedido para os pais cofrinhos semelhantes, em formato do rotundo e simpático suíno.
As meninas satisfeitas conversavam entre si o quanto tinham investido em seus respectivos cofrinhos e o quanto era gratificante poupar e saber que mais cedo ou mais tarde os abririam e teriam tudo o que haviam poupado de volta.
Ao final da aula de sexta feira, as meninas combinaram que trariam cada uma o seu para a aula na segunda e fim de quebrarem e retirarem o dinheiro: Iriam todas para o shopping lanchar e gastar como bem entendessem o investimento.
Segunda feira, ás seis e meia da manhã, a nossa protagonista despertou e antes mesmo de lavar o rosto, pegou o porquinho pesado com satisfação e o guardou cuidadosamente na mochila...
Chegando na escola, se perguntaram pelos seus porquinhos e todas mostraram seus bancos pessoais, cada um tinha uma cor, um formato diferente, uma cara e a única coisa que os tornavam absolutamente iguais era a condição de simpáticos porquinhos cheios de dinheiro dentro. Elas marcaram num canto mais distante do pátio, longe dos olhares das professoras, no final da aula a fim de quebrarem os cofrinhos e enfim irem ás compras. Quando bateu o sinal as meninas esperaram todos saírem da sala e apenas elas ficaram: Nossa menina pediu um tempo para que antes de irem para o pátio ela pudesse ir ao banheiro a fim de retocar o cabelo e a maquiagem, pois do pátio iriam direto para o shopping. Uma das colegas disse que estava indo e que se encontravam lá fora: O grupo todo começou a sair junto e a nossa menina perguntou com quem deixaria o porquinho enquanto estivesse no banheiro, pois estava pesado e não queria sair pelos corredores com ele na mão: Uma das colegas disse que poderia deixar em cima da mesa, porque todo mundo já tinha saído da sala e elas já estavam indo pro pátio. Um pouco relutante em deixar o porquinho sozinho na sala de aula a menina perguntou “será...?”: A mesma colega disse pela segunda vez para nossa protagonista que não tinha perigo nenhum, que não levaria mais que uns dois minutos no banheiro e por isso não precisava se preocupar. A menina enfim concordou e disse que em máximos cinco minutos estaria no pátio para quebrarem os cofrinhos juntas.
Enquanto arrumava o cabelo, a menina não parava de pensar no que poderia comprar com o dinheiro e o quão legal seria aquela tarde...
Saindo do banheiro a menina apressou os passos e quando entrou na sala certa de que pegaria o porquinho e sairia em disparada para o pátio, teve uma improvável e infeliz surpresa: O porquinho não estava na sala!!!
“Meu Deus, cadê meu porquinho? Meu Deus...”: A menina passando a mão na testa a transpirar se perguntava á beira do desespero juvenil. Saiu correndo da sala olhando para os lados, para o primeiro garoto que encontrou perguntou se tinha visto um porquinho, um cofre, e o garoto nada tinha visto, perguntou pra mais uns poucos que ainda estavam pelos corredores, entrou em todas as salas vizinhas e nada, o porquinho havia sumido, provavelmente alguém havia roubado o cofrinho da nossa menina. Chegando no pátio contou soluçante o que tinha acontecido ás amigas e perguntou se nenhuma delas tinha pegado, trazido o porquinho para fora, e elas disseram que não, pois saíram juntas, cada uma com o seu e o porquinho da menina em prantos havia ficado em cima da mesa, sozinho dentro da sala já vazia...
Desolada ela disse que o dia tinha acabado pra ela, as colegas ainda tentaram a convencer de ir ao shopping, pagariam o lanche dela, mas se recusou: Nem na secretaria poderia ir para “dar queixa”, já estava fechada, a escola estava quase vazia...
Chegando em casa, com os olhos vermelhos e ainda molhados, a mãe perguntou preocupada o que tinha acontecido e a menina com a voz embargada disse: “- Roubaram meu porquinho mãe, roubaram o porquinho com todo o dinheiro, tudo o que eu havia investido, poupado esse tempo todo, foi tudo... Fui ao banheiro, deixei em cima da minha mesa e quando voltei já não estava, a sala estava vazia, eu não sei quem foi, quem roubou, mas isso é o que menos importa... Roubaram meu porquinho, eu quero meu porquinho de volta, eu quero...”.

Segredinho sujo

Nosso segredinho sujo é tão puro que evapora em nossa transpiração, em nosso suor, desde o momento em que nos perdemos sem um pingo de razão um no outro. Um pecado acariciado com sabor de licor e fel, me morde a pele ao eriçar dos pêlos e o soltar dos cabelos como quedas d’água escuras, turva foz na qual não se consegue enxergar um palmo além da superfície: Essa superfície descabida e deslumbrante de sensações de libertação, como a risada dos loucos, a vaidade dos nobres, a carência dos mendigos nas noites de temporal. Não me diga sua verdade, me alimente com seu instinto e o burlar das regras, me machuca com suas cartas na manga, com os golpes de misericórdia que levam da terra às nuvens mais alvas em instantes mágicos, aonde o mundo pára de girar e tudo flutua, as forças se esvaem e aquela sensação de céu faz o olhar brilhar como um punhado diamantes roubados: Nosso segredinho sujo é belo e profano, desacreditado de vida longa, fazendo de tudo pra eternizar o que nunca poderia ser, o efêmero, o proibido e condenável: Injustiça condenarem a luxúria como pecado, porque ela é livre, não confia em ninguém e não se julga, não se pronuncia eterna como o amor; Amor, palavra tão distante desse nosso castelo de areia, dessa nossa torre de cartas à mercê de tempestades, furacões. Nosso segredinho sujo segue descrente de certas palavras, cético quanto ás juras sagradas que caem no chão e se quebram, frágeis; Quem dera tivessem a fidelidade dessa nossa promessa, de guardar nosso segredo custe o que custar. Como já disse o poeta, não há pintura mais bela do que um corpo nu na moldura de uma cama, e isso nada tem a ver com o cotidiano, dia a dia, por que precisa da inspiração de tudo o que é furtivo, silencioso secreto e acima de qualquer suspeita. Olhos de lince, meu vício e meu suplício, me faz um bem, me faz um mal e me torna vivo, suscetível, vulnerável a me reconhecer no espelho dos seus olhos lindos, em alta noite, longe da luz do dia, longe de qualquer coisa que acuse, que maldiga. Teus sinais são o que eu espero, teu chamado é inegável aroma de maravilhosa nudez, de estranhos e íntimos animais, incontinentes crianças caminhando pela relva de um paraíso breve e inesquecível, e jamais me esqueço da promessa que nunca mais saiu do pensamento: Manter sob nossa vontade esse agridoce e maravilhoso segredinho sujo.

Tuesday, August 07, 2007


Encanto


Quem dera teus cantos fossem meus
Teus desvãos me livrassem dos breus
Que são os meus cios não respondidos
Meu desejo contido
Meu deitar de corpo frio sem abraço
Raro encanto, pouco visto
Se tua vontade é ficar, me dá um indício
Se é fugir, foge pro meu aprisco
Se as mãos que te tocam já não te fazem subir ao céu
Se pro teu gozo, corta o pouco
Feito tesoura no papel
Te confesso meu encanto
Feito promessa e juramento
Prazer que livraria de um céu cinzento
Que de imaginar sem querer me desola
Sendo a contemplação uma mera esmola
Quando só a nudez do teu corpo me seria alento

Andar sozinho não aflige em muito
Pior é te olhar, como a quem olha um anjo
Podendo te ser um tudo
Querendo sempre mais e tanto
Mulher e menina de claro dia
Talvez sendo menos feliz do que deveria
Mas jamais poderia confessar que te amo
De forma indizível e ímpar
As mãos que te tocam são de outro fulano
Do suor de tua pele faria minha sina
Te guardando no meu corpo como coisa pequenina
Me alimentando de paixão a cada dia, mês e ano

Sonho quase impossível
Dissonante dos caminhos por onde ando...

Tuesday, July 31, 2007



...Não, não é a "Associação dos cirurgiões dentistas de Campinas", é o AC/DC porra!!! Ha ha... =)



Problem child
(Young, Young & Scott)


I'm hotAnd when I'm notI'm cold as ice

See me comin'Step aside

Or pay the price

What I want I take

What I don't I break

And I don't want you

With a flick of my knife

I can change your life

There's nothing you can do


Cause I'm a problem child


Make my stand

No man's land

On my own

Man in blue

It's up to you

The seed is sown

What I want I stash

What I don't I smash

N' you're on my list

Dead or alive

Got a .45

N' I never miss


Cause I'm a problem child


Every nightStreet light

I drink my booze

Some run

Some fight

I win they lose

What I need I like

What I don't I fight

N' I don't like you

So say bye bye

While your still alive

Cause your time is due


Cause I'm a problem child

Problem child

Problem child...

Monday, July 30, 2007


O óbvio

O óbvio é simples, e por isso não cousa tremor. É conformado em ser o mero afeiçoar daquilo que está á mostra, que se pode ver a olhos nus. É o “sim”, comportado e inofensivo, querido por todos e suave aos ouvidos.O óbvio é preguiçoso, irmão do ócio e amante da preguiça, ele espalha, em alta voz, lendas de monstros gigantescos que se escondem nas águas cristalinas da indagação, dos questionamentos que promovem crescimento, da imaginação e de criações que nascem do mais sucinto nada.
Quando duvido, Deus vem e segura minha mão enquanto atravesso a corda-bamba estirada por sobre o abismo de mim mesmo. A mim é branca, impoluta a indagação, a negação em contraponto com o turvo, a mancha do mistério nenhum. A negação é um prazer, uma delícia maior a qual é impossível resistir.
Quando aceito, começo a perder as forças, assim como perco quando um sorriso se fecha, se perdendo na distância de uma estrada sem horizonte, me acometem tosses e pigarros, quando salutar se é duvidar, questionar os absurdos e os amores incontestes e nunca sóbrios, os imbróglios da má-sorte cotidiana, um pranto silencioso que só quem enxerga os desvãos, consegue ouvir.
Insista em sorrir, não para mim, mas para o que não tem fim, o que ainda não foi fechado, explicado e voa livre pelo ar, com qualquer forma e desenho que você imaginar. O óbvio nunca gostou de mim, e desde quando descobri, passei a dizer “não”, esperando como um cético que a vida me diga “sim”.

Thursday, June 28, 2007


Quadris

Quadris estreitos, quadris largos, abrem o apetite, dançam em curvas e parábolas sem disciplina, incontinentes a revovler uma culpa pecaminosa ou tenras rendições ás paixões mais furiosas. Se perdem num horizonte de tesouros, dramas e aroma de terra molhada; Telúrico delírio, incoontinente fascínio, enrijecendo a pele e relaxando os músculos, brindando um breve momento de eternidade. Quadris que desdenham e cogitam, cheios de razões e sentidos, se excitam sob a luz da lua, sobre lençóis macios; Tão próximos das pernas para andar, do ventre para gerar, se calam na solidão de um corpo só, esperam que sopros de inspiração lhes tragam outros mais, nus e livres, que igualmente seguem num suplício sedento, brincando com os sentidos e os olhares atentos, simplesmente vivos. Quadris estreitos, quadris largos, como braços de rios inesgotáveis, em busca de uma foz, em busca de mais; Ora estranhos, recônditos segredos mantidos em silêncio para que no tempo certo sejam revelados, satisfazendo-se em doces loucuras, sem o menor pudor de nada. Ora apenas sendo o que se é, comuns; Podem tudo e quem é que dirá algo contra? Não se diz nada contra o que se ama. Despidos de toda regra, podendo ser o que quiserem ser, sincero prazer ou intocável paraíso, amados em curvas e parábolas, seguem para sempre mais, e graças a eles por isso...

Sunday, June 17, 2007



PARIS HILTON SYNDROME


Priscila era uma adolescente normal, caçula da casa, querida pelo irmão mais velho e orgulho dos pais pelo seu jeito educado, prestativo e as boas notas no colégio. Os cabelos longos e olhos levemente verdes eram apenas detalhes que tornavam a menina mais querida pelos professores e amigos. Era exemplar aluna, disciplinada nos estudos e super articulada e precisa em seu linguajar. Quando participava de um grupo para apresentar um trabalho diante dos colegas de classe, era sempre escolhida como líder e oradora; Ninguém combinava tão bem carisma, conteúdo, postura e aplicação quanto Priscila. Realmente era um primor de menininha, que se diferenciava das demais justamente por cultivar virtudes que a faziam ser respeitada pelas pessoas mais velhas; procurava sempre estar lendo algum livro, via o telejornal na tv para ao menos compreender um pouco a lástima de país em que vive e o mundo louco que parece tremer de febre...A menina até tinha argumentos plausíveis para dialogar sobre aquecimento global e corrupção no planalto central.
Mas nem tudo são flores e ás vezes o leite azeda; O que tinha tudo para ser uma jovem de méritos e naturalmente uma grande mulher, subitamente mudou seu comportamento, postura, prioridades, circulo de amigos e então se iniciaram os atritos em casa:
- Oi mamyyyy, cheguei!
- Olá querida, chegou mais cedo da aula? O que houve?
- Ah, não tava com saco pra aturar aquela aula “down” de matemática, afff mamy, ninguém merece aquilo...
- Mas você sempre gostou de matemática, sempre teve notas boas e falava super bem da professora, elogiava a didática dela e tudo mais.
- Pois é mamy, isso era a muuuito tempo atrás, hoje eu não tenho saco, a aula dela é pura gastação de paciência!!!
- Hum, não sabia que tinha mudado de opinião a respeito da matéria, meu amor, mas tudo bem. Vá tomar um banho e vem almoçar, já está pronto!
- Ok mamys fofys, hihihih. T doru.

Priscila no caminho para o quarto faz uma parada no sofá, em frente á tv e ali ficou, esquecendo até da fome, até sua mãe a abordar:

- Meu amor, ainda está aí? Você sempre chega com fome da aula...!
- Ah mamy, é que eu amo esse canal e essa cantora!
- Hum, que canal é esse?
- Emitivi mamy, e essa cantora super 10 é a Britney Spears, ela arrasa mamy! Olha que demais essa blusa dela, e o jeito que ela dança; os caras simplesmente babam por ela, e ela arrasa demais mamy!

A mãe de Priscila sem entender a mudança de gostos drástica da filha, apenas sorri, enquanto se pergunta o que houve.
Os dias vão passando e a menina mudava cada vez mais, mudou o cabelo pra um loiro ofuscante, comprou blusinhas em tons pink, barriguinha de fora, anéis e pulseiras botinhas e sapatos de vinil; Parecia uma tentativa de se aproximar com o visual das cantoras que ela tanto dizia adorar, mas antes fossem só as roupas; O jeito de falar, carregado agora de gírias e expressões da moda usadas em profusão nas rodinhas de adolescentes voadores, imbecis apresentadores da Emitivi e congêneres.:
- Mãe, a Marcinha comprou uma bolsa irada!!! Estilo aquelas que a Paris Hilton usa, e também aquela modelo maravilhosa que veio aqui no Fashion week, e arrasou!A Marcinha arrasa mãe! Ela tem popularidade, as meninas têm ela como referência de bom gosto e descolamento!
- Descolamento meu amor? Descolamento de neurônios? Rs...
- Hihihihihi, não mamyyyyyy. Descolamento no jeito de ser, tem que ver o gatinho que ela ta pegando agora! Lindo, parece aquele gatinho que entrou agora na malhação...
- Hum, entendi meu anjo.
- A Marcinha nem estuda direito mãe; tem professor que dá nora pra ela de graça, acham ela linda, babam. Tem até um deles que vive cantando ela pra sair com ele, ela tem o cara nas mãos mamyyyyyyy!!!
- Sério filha? Que surpresa! Você sempre criticou esse tipo de menina, achava fútil esse tipo de atitude...
- Ah mamy, eu era uma “nerd”, desligada, “outside”, mas agora percebi que a vida é pra se curtir e curtir muitoooo!
- Quer dizer que antes você não aproveitava sua vida filha? Pensa de fato assim?
- Ah mamy, até aproveitava, mas eu lia muito, sei lá. Era toda séria, e eu não acho mais graça ser assim. Eu sou super bonita, as pessoas vão me adorar de qualquer jeito. Eu até estou ficando popular, graças á amizade com a Marcinha! O grupo dela é super 10 mamyyyy!
- Bom meu amor, pode até ser, mas o que me preocupa é que suas últimas notas caíram bastante, você tirou duas notas vermelhas e as azuis caíram muito em relação ás do último mês...Eu conversei isso com seu pai e ele também ficou muito surpreso! Também te notou mais distante, você não estuda mais de tarde, prefere hoje ir pro shopping, ficar de conversa com suas amigas.
- Ah mamy, desculpa. Eu ando meio relaxada mesmo, mas prometo que vou recuperar essas notas baixas.
- Assim eu espero mocinha, assim eu sinceramente espero, senão vou ser obrigada a mudar minha atitude com você e a forma como sempre te vi até hoje...Entendida?
- Isso é uma ameaça mamyyy???
- Não, um conselho de amiga, por que como sua mãe e amiga, estou preocupada com essa “nova” Priscila! Parece outra pessoa, se tornou aquilo que sempre criticou; Elogia e acha legais coisas que nunca gostou, ou nunca deu tanto valor assim. Eu prefiro a Priscila antiga.

A menina soluçante abaixa a cabeça e diz:

- Mamy, mas eu sou mais feliz assim desse jeito, me sinto querida pelos outros e parte de um grupo, uma sociedade, um mundo, entende?
- Existem vários mundos querida. Não precisa fazer o que todas fazem, ou o que você vê na televisão, para se sentir querida pelos colegas da sua idade...Você sempre foi respeitada, inclusive por seus professores; A professora de história sempre te elogiava pra mim, quando me via em algum lugar!
- Ah, que legal mamy! A profy Elisabeth é 10 sim! Rs
- De fato muito cordial e simpática.
- Mamys, foi TDB trocar essa idéia contigo, mas tenho que ir agora; marquei com as meninas no shopping de tarde, os meninos vão também hoje; Tem um gatinho mãe que nem te contooooo.... Serginho play, TDB!
- “Serginho play?” Que nomezinho hein! E aquele menino que te adorava, filho da professora Augusta...? Qual era o nome dele mesmo?
- Luis Henrique mamy, mas eu já até esqueci dele viu, ele é muito certinho, gostava de falar de filmes, artes, essas coisas chatas, afff...Rs
- Nossa mocinha, estás mudada mesmo hein! Você achava ele educado, gentil, agora diz que nunca mais falou com o rapaz?
- É mamy, ele se tornou chato demais!
- Tem certeza de que foi ele quem mudou?
- Tenho mamy, absoluta. Agora deixa eu ir senão me atraso muito.
- Ta certo meu amor, mas não volta de noite como da última vez não, ok? Seu pai ficou louco de preocupação contigo!
- Ok mamyyyyy...Rs

A menina dá um beijo no rosto da mãe e sai apressada rumo ao shopping.

Nesse dia, Priscila chegou nove horas da noite, provocando assim uma grande discussão entre ela e os pais. O tom foi ofensivo, com acusações de ambas as partes. O pai instituiu um castigo por tempo indeterminado e restringiu a menina de uma série de privilégios, como semanada generosa em dinheiro vivo e leva-e- trás das baladas.
No dia seguinte os pais marcam um encontro e conversam sobre o que fazer com a menina; Decidem então levá-la a um psicólogo, especializado em juvenis, adolescentes-problema. Ligam e marcam a consulta para dali a dois dias. Quando a menina chegou, supostamente da aula, no meio da tarde, a mãe a comunica de que terá uma consulta, lhe diz o dia e hora e faz a pergunta:

- Estamos entendidas?
- Com certeza mamy, com certeza... (Ironicamente)

Chega então o dia marcado, e a mãe nitidamente apreensiva espera no carro a filha terminar de se vestir, e quando esta chega, a mãe indignada ordena:

- Vá agora trocar essa roupa. Aonde pensa que vai?
- Oras, vou ao médico mamy.
- Desse jeito parece essas mulheres perdidas que ficam pelas ruas fazendo ponto. Vá agora trocar essa saia, tirar esses anéis, tirar esse brilho doa lábios, se vestir como uma menina decente de família. Agora.

A menina maldizendo a vida e a atitude conservadora da mãe, sobe e se troca, e então partem rumo ao consultório médico.
Lá chegando, o médico conversa primeiro em separado com a mãe e depois chama Priscila para umas perguntas e um bate-papo. Após umas duas horas no consultório médico, o doutor chama a mãe em particular e dá o diagnóstico fatídico:
- Lamento-lhe informar, mas sua filha apresenta um quadro típico de P.H.S !
- P.H.S? Mas o que é isso doutor? (assustada)
- È uma Síndrome, minha senhora. “Paris Hilton syndrome”.
- Paris Hilton syndrome? Mas como assim doutor?
- Isso mesmo! Síndrome Paris Hilton.
- Mas o que é isso doutor? Acho que já ouvi esse nome, em algum lugar; A Priscila volta e meia falava esse nome...O que é? Uma banda, uma cantora?
- Antes fosse, seria menos destrutiva, eu acho. Paris Hilton é uma menina rica e muito conhecida, que é idolatrada por milhões de meninas ao redor do mundo que sonham ser como ela, o que é uma lástima na minha humilde opinião. Essa influência é amplificada pelo foco que a imprensa mundial dá a essa pessoa...Isso só alimenta os sintomas da síndrome nos jovens de todo mundo.
- Mas o que quer dizer essa síndrome? Quais são os sintomas doutor?
- Bom, a síndrome acomete em geral jovens, de ambos os sexos, mas há um número enorme de adultos que igualmente apresentam as características da síndrome, o que é mais delicado por se tratarem de adultos e terem desenvolvido mecanismos naturais de defesa ante a enfermidade. As pessoas acometidas apresentam sintomas similares aos da “personalidade” que dá nome á síndrome: Basicamente são fúteis, inúteis e alienadas, criam um mundo pseudo-glamuroso, usam sua popularidade para alimentar o ego miserável ao invés de divulgar boas idéias e causas, se esforçam para serem adorados por sua “beleza”, bens e objetos que são desejos de consumo do momento, não se informam, são ignorantes, egoístas, frágeis (emocionalmente), e buscam se sentirem menos patéticas através da futilidade e consumismo compulsivo, na maioria dos casos têm acessos de irritação, bebem para justificar atos extravagantes, vivem cercados de pessoas que de alguma forma batem palmas para a superficialidade e priorizam a imagem acima da própria alma. Não posso me esquecer que no caso dos pacientes do sexo feminino, o seu jeito de andar é afetado também!
- Como assim doutor? O jeito de andar?
- Sim, elas acham que estão em uma passarela, idolatram essas modelos de passarela, em geral, e procuram andar da mesma forma que as mesmas, sem se dar conta do ridículo. Fazem caras e bocas sem a menor naturalidade e se julgam capazes de dominar qualquer pessoa do sexo masculino, através da sedução barata: A comunidade cientifica chama isso de “Cow sensuality!”.
- “Cow sensuality?”.
- Sim, sensualidade de vaca, no português mais claro que albino nu no pólo norte...Hohoho...Desculpe-me, foi apenas uma brincadeirinha. (Se desculpa o médico, sem graça pela ironia).

A mãe com cara de temor, sem saber o que fazer para livrar a filha da síndrome, pergunta:

- Doutor, eu e meu esposo estamos dispostos a tratar nossa filha da melhor maneira, para que ela possa se curar. A quais tratamentos podemos recorrer? Há algo que possamos fazer para que ela volte a ser a menina de antes? Ela está insuportável doutor, nos ajude, por favor...
- Minha senhora, lamento, mas não há tratamento com medicação para esse caso. A solução imediata seria mudar de planeta, ou viver no meio do mato, longe dos grandes centros e de qualquer tipo de mídia: Ou seja, improvável... O que se tem a fazer no caso dos jovens é deixar o tempo passar, ser amigo deles e sutilmente conversar, se interessar pelo que eles pensam: Alguns despertam e assumem uma personalidade própria, com base naquilo que aprenderam de valor com os pais e com a sociedade, na escola. Outros se perdem e nunca conseguem se livrar dos sintomas, assumindo de vez as características da síndrome; São nesses casos que temos os adultos com P.H.S. No caso deles, só se verão livres da síndrome quando morrerem...Infelizmente
- Entendi doutor.
- Pelo que me contou de sua filha, ela tem grandes chances de se livrar da síndrome, pois há bem pouco tempo atrás era uma jovem sã, não é mesmo?
- Sim doutor, era sim.
- Então, deixe o tempo passar, ela vai amadurecer, crescer, seja amiga sempre, e mais cedo ou mais tarde ela vai voltar ao que era antes, completamente curada, e quando se lembrar dessa época de P.H.S, vai dar risada de si mesma! Pode apostar. (O médico sorri).
- Obrigada doutor. Se Deus quiser, minha filha vai se curar.
- Qualquer dúvida a senhora pode ligar e falar diretamente comigo, tudo bem?
- Sim doutor, eu ligo sim. Muito obrigada
- Passar bem, bom dia
- Bom dia pro senhor. Tchau.

A mãe saí da sala e sorri para Priscila:

- Vamos meu amor? Ainda tenho que passar no banco antes de irmos para casa...
- E o que o doutor falou de mim?
- Você não tem nada meu anjo, são coisas da idade, simplesmente coisas da idade.
- Te amo muito sabia?
- Também te amo meu anjo, mas por favor, evite me chamar de “mamy”, será que consegue?
- Claro que consigo mãe...


Monday, June 11, 2007


SÓ FALTAVA VOCÊ
Só faltava você, e desde que não te vi mais por perto, tinha plena certeza de que mais cedo ou mais tarde chegaria. Poderia durar dias, meses ou mesmo anos, mas a cidade, as ruas, as cores que vemos, a casa, esperavam sentir novamente a sua presença para que pudessem reencontrar uma razão de ser. Quando chegar, vai notar que suas coisas estão organizadas, assim como as deixou naquele último dia; As posições dos objetos absolutamente iguais, com sua cara e sua preferência. A casa jamais seria a mesma sem seu olhar minucioso, detalhista a perceber formas e jeitos de organizar, tornar o ambiente mais aconchegante. Na mesa de jantar, seu lugar nunca foi ocupado, vai encontrar um prato e os talheres com cabo de madeira envelhecida, assim como a taça que comprou em uma de nossas andanças e visitas a pedaços desconhecidos do mapa; A taça que brindava noites tão perfeitas, sorrisos tão tranqüilos que me faziam sentir um bem e em trégua com o mundo. As datas, o natal, só são se você estiver; A guirlanda na porta, vários tipo de noéis espalhados pela sala, a árvore colorida a piscar, me descansando os olhos, a certeza inabalável de que o ano que chegava seria melhor que o ano que passava, seria vitorioso! As pessoas que conhecemos perguntam por você, curiosos, surpresos, com cara de espanto sem entender o por que da demora, o por que de uma ausência tão silente e fria.
Não se troca um lugar seguro pelo mundo mau! Nada terás de verdade, nem um punhado de fantasia. O que há de ser melhor do que receber o abraço daqueles que te amam, confiar, sorrir sem medo, um navio ancorado em um porto seguro e em descanso, sabores e fragrâncias delicados, estradas que se perdem no horizonte pra se guardar no olhar, o sabor celestial de sentir o que é paz e madrugadas amigas, como outrora, como nunca antes...
Só faltava você, faltava esse rosto cheio de vida, esse olhar que me faz acreditar que pra tudo há uma saída e sempre haverá. Tudo aqui te espera, conhecedores de suas virtudes e suas falhas, sua teimosia ao negar o óbvio que se vê e a mesma teimosia ao acreditar no impossível, esperar dias melhores para as pessoas, para o país, no teu universo íntimo...; Desse jeito assim, que ninguém mais tem e terá, os abraços mais tenros pra lhe acariciar os sentidos, água morna na banheira a relaxar teu corpo rendido ao prazer, um ombro aonde chorar nos dias maus, contas e deveres do cotidiano a preocupar de vez em quando, planos, por que sem sua presença não se faz mais planos, e achar que se fariam por si só seria um mero engano, tolo. O tempo caminhando como sempre, as cores que vemos, as confissões mais nuas guardadas a sete chaves, precisam te ver aqui...
Só faltava você pra que essa vida vivesse a si mesma, e será dia claro emoldurando sua chegada; Partida, chegada, um encontro como capricho do acaso, serão pontos que começaram e terminarão quando te disser por fim, frente á frente: “Só faltava você...”.

Wednesday, May 30, 2007


Caminho e abrigo

O mundo é imenso e você começa agora sua longa caminhada, partindo de algum ponto que é perto de algum e longe de milhares de outros. A poeira em seus pés cansados te ajudará a contar uma história única: A sua história, cheia de adornos e detalhes afeiçoados em sorrisos, lágrimas, conquistas, perdas, sangue e suor; mesmo entre a multidão, na essência você será só, por que será apenas você escrevendo na areia seus pecados, seus desejos e sua lei. O sol escaldante do dia te queimará a pele e trará a sede pela água cristalina da verdade, a maior delas assim como a que se guarda na alma. A noite gelará tua carne, te fazendo tremer e imaginar um abrigo seguro, com pão, água e uma fogueira amena. Dos erros e acertos como fruto de suas escolhas, colherás o aprendizado e sabedoria, que nunca de tua mente e coração serão roubados; Ao longo, distante, colhendo flores e ofertando a quem te encantou, a quem te trouxe paz aos sentidos e ao peito, e nem sempre recebendo o mesmo bem em troca. De grande valor te será aprender a superar a decepção, o sabor amargo da frustração, ingratidão ou mesmo pedras contra teu corpo, pois no fundo te tornam mais forte, te ensinam a abrir os braços às primícias de um novo dia.
O conforto de se partir e saber que se tem para onde retornar, braços cheios de afeto que sentem saudade e nem por um só momento esquecem de quem está ausente. Em um mundo por vezes frio, estar só, é uma condição indissociável, estranho passar de dias sem motivo, partida sem chegada não seria exagero. Estenda a mão e seguro forte a uma outra, por que algo há de ser verdade no meio de tanto néon pra confundir o olhar, tantos personagens...; Algo há de ser verdade além da poeira, do sol escaldante e da decepção; A fome de algo sólido, que traga uma infantil esperança. Esperança essa que cada um tem dentro, e nos torna famintos para vê-la nas coisas ao redor Essa verdade é aquele tesouro que se guarda á sete chaves, pra ninguém ver, ninguém tocar, apenas quem merecer, um amigo fiel, um sorriso de pai, um abraço de irmãos, o olhar de uma criança...
Mantenha-se bem, mesmo com tropeços, quedas e recomeços, pois quando em algum ponto desse vasto mundo, assim vasto como teu coração, encontrares abrigo para te proteger do frio da noite, e lâmpada para te iluminar os olhos quando tudo escurecer, você entenderá que de tudo o que aprendeu em seu caminho, nada foi em vão.

Tuesday, May 22, 2007


“Vai te fudêire gajo...”

Me lembro como hoje de umas tardes frias, nubladas: O invernão dando as caras e no começo ainda suave. Matar aula era o máximo, o gostinho agradável de se transgredir, burlar mesmo sabendo que aquilo poderia nos custar advertências notificadas ou mesmo suspensão de dois dias! (Sim, o colégio em casos que considerava mais contundentes, suspendia os pobres adolescentes por dois dias...). Nessas escapadas o habitual era ir para o shopping tomar uns chopps e fumar Free light ou cigarro de canela: Aquelas lojas todas, tanta coisa bonita nas vitrines, aquele cheiro de coisa nova no ar, e o grupo de púberes mais incontinentes daquele colegial volta e meia lá pra tomar choppinho e conversar em meio á fumaça daqueles cigarros magrelos: Ninguém bebia para comemorar uma promoção ou um fechamento de uma grande venda, ou por dor de cotovelo, também não se fumava por solidão ou ansiedade, mas sim pelo novo, pelo provar daquilo que os adultos faziam naturalmente, pois era “péssimo” ainda não ser adulto...Mas sempre, religiosamente sempre antes do shopping, passávamos na banca da esquina da rua do colégio, no “tio”. Ele poderia se chamar fulano ou cicrano, até mesmo Adalberto, mas isso ninguém sabia e nem sabe até hoje. O “tio”era português, não tinha chapeuzinho mas um bigode feio, como todo português clássico; Isso já era motivo para pegar no pé de um colega nosso, que tinha pai português (Um dos velhos mais mal-humorados que já conheci na vida!...), e bastava pro cara ficar indignado e mandar todo mundo pra um lugar bem feio...
Na banquinha do tio sempre estava rolando algum som legal ou mesmo o rádio tocando os sucessos populares. Quando uma de suas filhas estava lá pela manhã, sempre tinha um rock legal: “Marcante” foi ver ela abaixando na nossa frente, com uma calça jeans justíssima, pra pegar alguma coisa pra um cliente, ao som de “Back in black” do Ac/Dc: A rapaziada foi ao delírio com aquela “afronta” aos hormônios juvenis!
Quando era o tio atrás do balcão, ele sempre estava conversando com alguém sobre os mais variados assuntos: O jogo de domingo, os crimes e furtos do fim de semana que ilustravam os tablóides mais populares, a inflação, a grana curta e qualquer coisa que se conversa com qualquer um na rua...Sempre que passávamos lá, tinha um cara sentado num banquinho, ao lado do balcão, discutindo alguma coisa com o tio, e sempre que os dois confrontavam as opiniões ou o rapaz pegava no pé do português por uma derrota do seu time, por exemplo, ele mandava na lata ás risadas; “Vai te fudêire gajo”...Era assim que eu entendia. O tio era portuga gente boa, vivia rindo das malcriações que ele mesmo falava mas sempre atendia bem á galera: Eu costumava comprar amendoim e chiclete, sendo que o amendoim era diário; Ele tinha aqueles potes grandes cheios de amendoim salgado e uma pequena xícara como medida; Perguntava quantas medidas você ia querer, e se não me falha a memória, cada uma custava trinta centavos...
O tio foi um personagem clássico daqueles dias especiais, que nem eram tão especiais enquanto eram vividos, mas como tudo o que vai, deixaram muita saudade em mim. O tio também deixou saudade; Beirando o emblemático, amigos de juventude sempre juntos, passando ás pressas na banquinha de revistas e doces, afoitos, na correria pra não perder o ônibus do horário ou para ir conversar no shopping.
Eu, volta e meia me pego dizendo “Vai te fudêire...” em pensamento pra “N” coisas; Peneirando o que se vale à pena guardar e o que se deve ignorar e esquecer, como quem escolhe cores, como quem escolhe as conchas mais legais na praia, as flores mais bonitas no canteiro: Se sorri a quem ou o quê se gosta e se diz “Vai te fudêire” sempre que algum/algo te desagradar, ou não te trouxer algo de bom, não te fizer bem ou parecer te roubar a luz...Saudade daqueles tempos inocentes e do “Vai te fudêire” do português da banca, que tanto nos fazia dar risada, nos divertindo com aquela irreverência carregada de sotaque luso que fazia até o próprio rir de si mesmo...! Se você não é como o tio, tem sangue de barata e nunca mandou alguém ou algo se fudêire, me desculpe, mas tenho que lhe dizer: Vai te fudêire gajo!

=)

Tuesday, May 01, 2007


CONSPIRAÇÕES

- Hei Bob, acorda.
- Hum...
- Sério, acorda, está acontecendo algo errado.
- Hum, deixa eu dormir Mya...tsc
- Você tem que acordar preciso te contar uma coisa séria.
- Aiii meu papai do céu, o que você quer a essa hora da madrugada mulher?
- Acho que estamos sendo vitmas de uma conspiração!
- O que? Que história é essa mulher?
- Eu juro!
- Mas que tipo de conspiração, me explica melhor.
- Poxa Bob, será que você ainda não percebeu?
- Não, nada, só percebi que estou perdendo preciosas horas de sono com essa sua loucura de conspiração...Putz.
- Está havendo sim uma conspiração: Eu liguei pra Ligia, minha melhor amiga e o celular está desligado há dias, parece que ela não quer me atender.
- Que nada, o celular deve estar sem bateria, ou devem ter roubado dela...
- Não, a Lígia é metódica, ela não desgruda do celular. Fica ligado vinte e quatro horas por dia...
- Bom, se você diz...
- O meu chefe mandou eu passar no DP pra assinar meu aviso prévio.
- O que? Você não tinha me contado isso.
- Eu sei, mas ia. Estava apenas esperando um tempo, por que eu ia tentar conversar com ele, pra ver se mudava de idéia, mas ele foi irredutível!
- Não se preocupe. Posso te ajudar a encontrar outra coisa, agora vamos dormir, vamos?
- E outra: A dona Lurdes e seu Rick não falaram comigo ontem pela manhã: Dei bom dia, como todo dia faço, com o sorriso no rosto, eles me olharam com uma cara de velório e nada disseram.Simplesmente se viraram e entraram no carro...
- De fato estranho!
- Cortaram a luz da gente também, o funcionário da companhia de luz jurou que estávamos dois meses atrasados.
- A luz?
- Sim, a luz. Cortaram!
- Eu não percebi.
- Como não? A casa está ás escuras! Você não percebeu?
- Não, as luzes acenderam normalmente comigo.
- O Guincho levou meu carro, todos na rua estavam com roupas de tons avermelhados e apenas eu estava de Branco: Você sabe o que é olhar pra uma avenida inteira e todo mundo de vermelho, e só você de Branco? È incrível!
- Nada, mero acaso vai.
- O que achei mais estranho foi a feição das pessoas, os pedestres, transeuntes pelas calçadas: Todos de vermelho e sérios demais, tristes, alguns cabisbaixos, apagados, sem brilho nos olhos, como se sentissem um encime mal-estar, sabe como?
- Sei, sei sim amor: Eu fico assim como esses quando alguém interrompe o sono no meio da madrugada...Não é mole não viu!
- E tem mais Bob: Eu estava já caminhando a uns vinte minutos rumo ao chegar ao escritório até que no meio daquele dia nublado, aonde todos vestiam vermelho e eram tristes, apagados, vi um grupo de crianças e jovens, coincidentemente de branco, a sorrir enquanto cantavam canções de amor e humanidade em uma calçada!
- Hum? Como é?
- Isso que você ouviu: Um grupo de crianças e jovens, acho que eram uns trinta, todos cantando canções de amor, fraternidade e esperança, com violões, pandeiros, chocalhos, num primeiro momento pensei que fossem Hippies: Eles sorriam e seus olhos pareciam esmeraldas de tanto que brilhavam, eram olhares de quem ainda tem esperança na vida, esperança no próximo. Eles se olhavam e sorriam, pareciam todos da mesma família, leves e cúmplices uns dos outros naquele momento quase mágico na manhã de ontem...Eu parei, me sentei com eles e me senti um deles: Me senti aquela menina boba que você conheceu no colégio a tantos anos atrás, de saia e camisa branca, cheia de trejeitos, acreditando no futuro, e uma inabalável certeza de que mais cedo ou mais tarde seria feliz como nunca tinha sido até aquele momento: Se lembra disso Bob?
- Oh se lembro! Suas pernas eram as mais lindas de todo o colégio, naquelas saias que você usava então...! Rsrs...Eu só pensava em você...
- Essa mesma menina foi a que se sentou com os jovens na manhã de ontem. Eu fiquei pouco tempo com eles na roda, e depois me despedi e continuei o caminho em direção ao escritório, mas lamentei um pouco, no fundo, pois sabia que não ia encontrar mais pessoas de branco pelo caminho.
- Que pena amor...Mas por que sentiu isso?
- Não sei, apenas senti, e de fato acabei não encontrando mais ninguém de branco. Um pouco antes de chegar ao escritório começou a chover forte, e foi sorte, pois eu estava sem guarda-chuva...
- Que bom! Menos mal, mas podemos dormir agora meu anjo? Logo mais tenho que acordar, eu e você também.
- Tudo bem querido, vamos sim.

Os dois se dão um pequeno beijo de boa noite, se viram cada um para seu canto e em silêncio adormecem.
Seis e meia da manhã o despertador impiedoso grita: Téé´téé téé téé téé téé...Bob abre custosamente os olhos e acorda Mya:

- Ta na hora de acordar dorminhoca
- Hum... (Bocejante)
- Dormiu bem?
- Dormi sim anjo, feito uma pedra desde ás dez de ontem.
- Eu também dormi super bem, recuperei as energias pra hoje!
- Mas engraçado, acho que dormi tanto e tão bem que cheguei a sonhar.
- Um sonho? Sonhou com o que gata?
- Não me lembro, mas foi bonito e eu te contava.
- Me contava, o que?
- No sonho eu te contava uma bela história, e me emocionei muito enquanto contava!
- È mesmo? Mas não se lembra de nada?
- Não, não consigo: Apenas me lembro que te acordava e te contava uma história bonita...Espero que mais cedo ou mais tarde eu acabe lembrando dela.
- Ok gata, então vamos levantar senão a gente acaba perdendo a hora de levar os meninos pra escola...

Friday, April 27, 2007


There are so many times in life when we don't want to be there where we are. There are so many times in life when you feel like if you could just careless and lead a bohemian life. There would be no destination, no aim, no future. Only present. If we could only change ourselves, if we could only be someone else...

(Autor desconhecido)



DESTINATION ANYWHERE


Destino: qualquer lugar

Diga o lugare eu estarei lá

Faça as malas eestamos longe daqui

vamos fugir...



jon bon jovi - destination anywhere (Live)

Monday, April 23, 2007


PADRONIZAÇÃO


Os bancos e caixas eletrônicos são frios!: Eles são padronizados, em qualquer cidade que se vá, eles serão da mesma cor, mesmo material e cheios de notas no seu interior. Você entra, com um olho no peixe e outro no gato, meio desconfiado se não estão te observando lá de fora, prestes a entrar e te assaltar furtivamente, ou logo após sair com a carteira mais pesada. Não tem como desassociar banco e ladrão. As duas coisas estão na sua cabeça quando se desce do carro, ás dez da noite e entra pela porta de vidro, tenso. apressado pera realizar a operação e sair: Poderia ser diferente, por que os bancos investem seriamente para que o lay-out, as cores e a temperatura-ambiente sejam o mais agradáveis para os clientes, mas o ladrão não quer saber disso. Ele não vai entrar e ser recebido com um sorriso pelo gerente e muito menos vão lhe oferecer um cafezinho enquanto o explicam as modalidades de investimento pelas quais ele pode optar: Ele apenas espreita e te espera, com a adrenalina lá no alto, impaciente com a arma em punho em direção á sua cara, aos berros: "Passa a grana, agora porra!!!"
Outro dia eu sentado papeando com os amigos, degustando um chopp mediano (Sim, mediano por que já tive melhores que aquele...), me divertindo com o impagável tom irônico do grande Daniel, ao contar das situações cotidianas...Quando viro os olhos para o outro lado da rua e lá está o Itaú (Oooohhhh...): Fechado, porém todo aceso e aparentemente seguro. Na mesma tacada, lembrei de um Itaú das Mercês (Um bairro de Curitiba), de um sábado à noite em que passamos por ele, antes de ir pra qualquer outro lugar se divertir: Os bancos quase idênticos, não gêmeos, mas irmãos ou primos de primeiro grau, mesmas cores, mesmas luzes brancas beirando o etéreo, o visual "ultra-clean", o silêncio quebrado apenas pelos tons das teclas quando se digitava a senha, e o alegre barulhinho das notas sendo selecionadas e disponibilizadas simultaneamente com a mensagem na tela "Retire seu dinheiro".
Bancos tão iguais, com as mesmas características e adversidades, como os ladrões de plantão e afins. Cidades distantes e os bancos sempre serão iguais, e sempre que você se sentar para tomar um chopp com seus amigos e olhar para qualquer banco lembrará de um semelhante de outra cidade por onde passou: É sempre assim, eles são iguais e me fazem lembrar de lugares diferentes por onde andei: Até que não é uma má idéia...



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Essa é a banda e essa é a canção!

Bon Jovi - The distance

http://www.youtube.com/watch?v=MBnoK5lXMxY

Thursday, April 12, 2007


NO SUCH THING (Tradução)
CHRIS CORNELL


Eu vi o mundo, ele era maravilhoso

Mas a chuva chegou e acabou com tudo

Então eu tentei ficar invisível

Mas foi impossível... até mesmo para mim

Eu zombei do amor, foi um grande erro

E eu preenchi a sua ausência com ódio


Pois não há nada como o vazio

Sim, não há nada como o vazio


Eu era esperto o bastante

Para não pensar no assunto

Mas a chuva chegou e eu pensei demais no mundo

E, como de costume, eu caí num vazio

Eu tentei fazer com que tudo perdesse o sentido

Mas a chuva chegou e bagunçou com tudo


Pois não há nada como o vazio

Sim, não há nada como o vazio

Mas o meu dedo está no gatilho

E eu vou "apagar" o mundo...


Então, o que me dá o direito de pensar

Que eu poderia jogar fora uma vida?

Até mesmo a minha própria...E o que te faz pensar

Que você poderia escapar do envelhecimento

Passando por cima de mim?


Talvez perder ou salvar a sua alma

Seja apenas uma questão de como você preenche o buraco (vazio)

E a chuva chegou...


Pois não há nada como o vazio

Sim, não há nada como o vazio

Mas o meu dedo está no gatilho

E eu vou "apagar" o mundo.





Alguém que você ama, não está mais
buscou abrigo em outro peito
E agora? O que te resta senão sangrar?
Ciume de sabor amargo se olhando no espelho
Se arrepender é nobre, mas é fel ao paladar
E mesmo na dor, existe beleza...



ARMS AROUND YOUR LOVE (Tradução)

CHRIS CORNELL

Com os braços dele em volta do seu amor

Ah não, lá vem a dor que você não pode ignorar


Com os braços dele em volta de sua garota

Ele fará todas as coisas que você não fez antes

Você teve todas as chances, mas fechou a porta



Agora você vai ter que aceitar

(Porque se você não sabia)

Ela vai fazer você pagar por isso

(Um preço que você não pode arcar)

Você vai ter que aceitar

Com os braços dele em volta do seu amor



Finja que você não se importa

Mas você sabe tudo o que deixou para trás

E teria dado tudo certo

Se você dissesse metade dos elogios que tanto guardou...

Você achou que ela ficaria nessa viagem.



Confessar tudo parece tão perigoso

Só um pouco já seria o bastante

Mas você nunca disse todas as palavras em sua cabeça

Como se o seu coração estivesse morto

Bem, agora ele está sangrando e partido

Se você dissesse metade dos elogios que tanto guardou...

Você achou que ela ficaria nessa viagem.



Agora você vai ter que aceitar

(Porque se você não sabia)

Ela vai fazer você pagar por isso

(Um preço que você não pode arcar)

Você vai ter que aceitar

Com os braços dele em volta do seu amor...


Arms around your love - Video




Wednesday, April 11, 2007


Bom, devido ao meu atual estado de espírito e das lições importantes que a vida tem me ensinado, eu não ando muito a fim de escutar canções de separação, ou breakdown songs...rsrs Mas eu gosto muito dessa aí. Ouço todo dia, e canto todo dia: Talvez por que seja uma breakdown song mais "alto astral" que as Bon Jovi, por exemplo (Que eu adoro, porém me matam...hehe). Razor Flowers é demais! =)


RAZOR FLOWERS (Freak Kitchen)


You should know better and so should I

That rapid tongue brings out my Evil Eye

So, here we are now, it’s like a curse

I see you shaking, hyper ventilating

A blow without a warning

This can’t get any worse


You must remember to forget you ever knew me

You must remember to forget I was ever by your side

Remember to forget you ever got the razor flowers


Self-esteem is running low

Ran out of good times much too long ago

Those lying pictures on our shelf

I pray that someday you begin to feel

All your wounds heal

I loathe my stinking self


You must remember to forget you ever knew me

You must remember to forget I was ever by your side

Remember to forget you ever got the razor flowers


Don’t trust my charming smile

The Razor Flowers

Will only bloom a while...

Friday, April 06, 2007








MAYBE (The Jelly Jam)


At almost any time there's too much on my mind

so much it makes it hard to think

and just like most any day the same things come my way

and after all i'm on the brink

but i'm paralyzed by something less

and i can't get over emptiness

so i dull the pain and ease my brain and the time

i'mfeeling strain of something

if i had the time to ease my mind

then maybe i would fly

if i had a way to help me stay

then maybe i would fly...

Thursday, April 05, 2007


Há algum tempo ouvi que o futebol era uma “dramatização” da vida: Os dribles que temos que dar nas dificuldades, os zagueiros que impedem que se consiga o gol.O gol, este sim a maior realização da vida! Passar no vestibular, ser promovido, conseguir comprar o carro que tanto se queria, ver um filho nascer...Gols de placa, vitórias.
Partindo dessa de que o futebol ilustra situações do cotidiano da gente, é que vi a sensacional reação do Gama frente ao Vasco da Gama em pleno Maracanã ávido pelo milésimo gol de Romário. Vi um Gama que desde o início jogou com brio, a fim de mostrar que não seria tão fácil ser batido pelo Vasco e pelo milésimo gol: Vi jogadores cheios de disposição em marcar e atacar, estimulados certamente por tudo o que circulou na mídia em relação ao milésimo gol de Romário: Todos contavam com o milésimo gol nesse jogo, um batalhão de jornalistas, fotógrafos, vascaínos que lotaram o maraca e apreciadores do bom futebol, que viram o jogo em seus lares. Contaram com a vitória do Vasco e o milésimo gol, sem se dar conta de que do outro lado estaria um time bem treinado, e cheio de raça, a fim de “estragar” a festa dos vascaínos.
Em campo, um Romário quase plantado, pouca movimentação, facilitando a vida dos zagueiros que o marcavam com toda a atenção.O Vasco meio perdido em campo, desorganizado taticamente, e jogando em função do Romário, que centralizado na área do gama, era presa fácil para os zagueiros: O Gama abriu o placar com um chute de longa distância, e um frango do goleiro.O Vasco respondeu com um gol de cabeça...Acaba o primeiro tempo e Romário apagado, parecendo cansado, sai de campo sem explicações convincentes sobre a atuação do time e dele próprio.
Começa o segundo tempo, e naturalmente a tensão e expectativa em cima do milésimo gol crescem com o passar dos minutos: Romário volta da mesma forma que se apresentou no primeiro tempo, e o time pouco ameaça o gol adversário. E o milésimo, e a festa, e os olhos do Brasil inteiro na partida, e...? Quase terminando o jogo, surge uma falta de longa distãncia para o time de Brasília, e para a frustração de todos (menos os torcedores do Gama, é óbvio), sai um golaço de falta!: Batida forte e com uma precisão impressionante, que bateram o goleiro vascaíno...
2 x 1!!! Mas o que é isso? O Gama venceu, desclassificou o Vasco da Copa do Brasil? Romário não fez o milésimo gol?
Os brasilienses calaram um Maracanã lotado? Sim...
Os jogadores do desacreditado e vitorioso Gama vibrando e o Vasco acabado, sem acreditar no que tinha acontecido. Confesso que como um apreciador do bom futebol e de suas cores, fiquei sem palavras quando o gama fez o gol, pois assim como a maioria do país, eu queria ter visto Romário marcar o milésimo gol, o histórico gol 1000.
È por essas e outras que o futebol é tão apaixonante, por que existem viradas, existem surpresas, existe raça, existe lágrimas de tristeza e alegria, existe brio, orgulho, luta, derrotas e vitórias sensacionais, como essa do time de Brasília: Surpreender, quando não acreditam em você, quando prevêem seu próximo minuto, dia, mês, ano e você escreve diferente, traça seu próprio caminho rumo á vitória, dentro das quatro linhas do campo da vida.
Não dá certo essa coisa de achar que já ganhou, subestimar o outro, desacreditar, por que o engano, a surpresa é sempre certa. Romário não marcou, o Gama venceu e eliminou o Vasco do campeonato: Eu achei que ia fazer sol, mas choveu, por assim dizer, mas vi uma bela vitória, achei lindo, assim como todo jogo e todo grande lance que já vi na vida: Dribles, jogadas, viradas espetaculares. O que é certo é que o futebol volta e meia me ensina e reforça alguns conceitos.
Ééééé Romário, se quiser vai ter que fazer o milésimo em Cabo Frio, contra o Cabofriense pelo estadual! Hehe...Que venha o milésimo do Roma, e parabéns ao surpreendente Gama.