Monday, June 11, 2007


SÓ FALTAVA VOCÊ
Só faltava você, e desde que não te vi mais por perto, tinha plena certeza de que mais cedo ou mais tarde chegaria. Poderia durar dias, meses ou mesmo anos, mas a cidade, as ruas, as cores que vemos, a casa, esperavam sentir novamente a sua presença para que pudessem reencontrar uma razão de ser. Quando chegar, vai notar que suas coisas estão organizadas, assim como as deixou naquele último dia; As posições dos objetos absolutamente iguais, com sua cara e sua preferência. A casa jamais seria a mesma sem seu olhar minucioso, detalhista a perceber formas e jeitos de organizar, tornar o ambiente mais aconchegante. Na mesa de jantar, seu lugar nunca foi ocupado, vai encontrar um prato e os talheres com cabo de madeira envelhecida, assim como a taça que comprou em uma de nossas andanças e visitas a pedaços desconhecidos do mapa; A taça que brindava noites tão perfeitas, sorrisos tão tranqüilos que me faziam sentir um bem e em trégua com o mundo. As datas, o natal, só são se você estiver; A guirlanda na porta, vários tipo de noéis espalhados pela sala, a árvore colorida a piscar, me descansando os olhos, a certeza inabalável de que o ano que chegava seria melhor que o ano que passava, seria vitorioso! As pessoas que conhecemos perguntam por você, curiosos, surpresos, com cara de espanto sem entender o por que da demora, o por que de uma ausência tão silente e fria.
Não se troca um lugar seguro pelo mundo mau! Nada terás de verdade, nem um punhado de fantasia. O que há de ser melhor do que receber o abraço daqueles que te amam, confiar, sorrir sem medo, um navio ancorado em um porto seguro e em descanso, sabores e fragrâncias delicados, estradas que se perdem no horizonte pra se guardar no olhar, o sabor celestial de sentir o que é paz e madrugadas amigas, como outrora, como nunca antes...
Só faltava você, faltava esse rosto cheio de vida, esse olhar que me faz acreditar que pra tudo há uma saída e sempre haverá. Tudo aqui te espera, conhecedores de suas virtudes e suas falhas, sua teimosia ao negar o óbvio que se vê e a mesma teimosia ao acreditar no impossível, esperar dias melhores para as pessoas, para o país, no teu universo íntimo...; Desse jeito assim, que ninguém mais tem e terá, os abraços mais tenros pra lhe acariciar os sentidos, água morna na banheira a relaxar teu corpo rendido ao prazer, um ombro aonde chorar nos dias maus, contas e deveres do cotidiano a preocupar de vez em quando, planos, por que sem sua presença não se faz mais planos, e achar que se fariam por si só seria um mero engano, tolo. O tempo caminhando como sempre, as cores que vemos, as confissões mais nuas guardadas a sete chaves, precisam te ver aqui...
Só faltava você pra que essa vida vivesse a si mesma, e será dia claro emoldurando sua chegada; Partida, chegada, um encontro como capricho do acaso, serão pontos que começaram e terminarão quando te disser por fim, frente á frente: “Só faltava você...”.