Wednesday, October 31, 2007

Negação

Não me ame
Não mereço
Não me pague
Não me vendo
Não insista
Não agüento
Não discuta
Não discordo
Não apele
Não suporto
Não desconfie
Não suspeito
Não precise
Não ajudo
Não idealize
Não disfarço
Não me julgue
Incondenável
Não me negue
Inegável
Não doa
Não alivio
Não vicie
Não vicio
Não espere
Não chego
Não gele
Não abrigo
Não me durma
Não anoiteço
Não me desperte
Não acordo
Não vem
Não tem
Não minta
Não acredito
Não se destrua
Não me compadeço
Não necessite
Não ofereço
Não se orgulhe
Não agradeço

Não me ame
Não mereço

Tuesday, October 30, 2007


Combustível

Cheiro de gasolina
Perfume barato
A poeira seca meus olhos e minha garganta
Mas já avisto um bar
Para molhar minha alma com cerveja e whisky
Aquecer meu sangue
Acelerar nas curvas de uma terra-fantasma
Cheia de gente indecente e fácil
Violenta e livre
Esqueci quem eu era
Esqueci as regras
Deixa a sorte dar o tom da balada
Alguma boca me morde na calada
Eu relaxo mas esperto com quem passa
Puxo uma cintura pra perto da minha
Enquanto a noite se agiganta
Hora de açoite e veneno
Morder e assoprar a ferida
Que nunca fecha
Quando as portas do inferno se abrem
Meu prazer é efêmero
Rápido
Ao nascer do dia já não há mais nada
Além de mais estrada
Se perdendo no horizonte de um nunca-chegar
A bota é suja como os pneus
Sujos de histórias de quem resolveu
Rasgar o roteiro
E procurar a alma que um dia perdeu
Já sabendo que nunca vai encontrar
Por mais que ande, que o combustível arda
Que a velocidade alimente
Que o suor molhe e o sol queime

Cheiro de gasolina
Perfume barato
Segura minha mão e não acredite em salvação
Cães de rua, vadios e famintos de incerteza
Dormindo com os esquecidos
Mijando aonde mijam os mendigos
Peito ferido se calou
Para que o ímpeto pudesse guiar
Não acredite em mim, pois não acredito em nada
Você não pode me salvar
Se for contar o tempo passa e a gente pára
Luze mais um cigarro, a fumaça da boca anuncia um trem desgovernado
Prestes a partir
Que segue rumo ao que o destino reserva
Em segredo...

Cheiro de gasolina
Perfume barato
Cerveja, whisky, cigarro
Combustível...




Monday, October 29, 2007


Tardou, mas não falhou: A moda matou e a terra feliz entristeceu!

Pronto!!! Aconteceu o que faltava acontecer: Um jovem entra em coma e morre ao sair de uma festa Rave! E um outro em um acidente próximo ao local da Rave. Aí a mídia, os telejornais e os jornais escritos fazem o alarde de uma coisa que era previsível, mais cedo ou mais tarde ia acontecer.
Venhamos e convenhamos: Todo mundo sabe que as festas Rave são um paraíso de variados tipos de drogas, tudo liberado e explanado. Ninguém pinta pra estragar a festa, polícia de costume não age de forma contundente na repressão ao consumo, os seguranças internos das festas fazem vista grossa, imagina se eles vão incomodar os jovens que estão ali para se divertir, pagaram uma grana boa pelo ingresso e deram um lucro gordo aos organizadores...Hum...
Eu não sou careta e nem conservador, mas acho que além do fato de festa Rave ser uma modinha adorada pelos jovens de classe média, existe também uma demagogia de quem organiza as festas, que sempre defende seu “pão”, dizendo que seus eventos acontecem dentro das normas, das leis, etc...E um cinismo nas declarações dos pais impotentes: Sim, impotentes! Que pai consegue impedir seu filho/a de sair pra uma balada, sair com os amigos?...Impossível. Os pais sabem o que rola, mas coitados, eles não podem fazer nada; Só os resta dar declarações embebidas em cinismo e constrangimento.
Acho que cada um sabe o que faz: Se o cara ou a menina gosta de viajar, usar alguma coisa, pirar a cabeça e ficar dançando horas a fio ao som da porra de um DJ, tudo bem. A questão é que a rapaziada menor de idade ou mesmo os burro-velhos sem noção, na ânsia dessa busca sedenta por algum tipo de prazer, extrapolam e se dão mal: Numa leva dessas infelizmente um moleque de 17 anos morreu.
A juventude sempre pediu a legalização da maconha (Na falta de energia e atitude pra se engajar em questões mais relevantes pra sociedade...) e parece que as Raves foram um oásis a esses que clamavam pela legalização das drogas: As drogas e entorpecentes em geral continuam ilegais perante a lei, porém na Rave você pode acender um baseado, mandar goela abaixo um comprimido de Ecstasy e pôr um papel de LSD em baixo da língua, curtir sua viagem tranquilão que a chance de alguém te incomodar por causa disso é quase zero...Viva, liberdade!!!!!! (hehehe). Musica eletrônica em alto e bom som, jovens sarados ostentando os corpos malhados, dançando sem parar, muita gente reunida, muitos óculos escuros, muita viagem e isso há muitas horas a fio: É um sucesso na Europa e virou moda aqui no Brasil também. Não me interprete mal; Não estou falando mal da moda, apenas relatando o que tem nas festas. (Ao meu ver...).
Pense comigo rapidinho: Nos anos 70 os EUA estavam em guerra com o Vietnam. Inician-se vários movimentos jovens e de vanguarda na América em oposição à guerra: A idealização de uma sociedade alternativa, uma mistura de dor e de desejo de libertação, como formas de dizer não á guerra, culminaram com uma gigantesca reunião de musica e liberdade, com muito rock and roll e drogas em profusão: Woodstock. A juventude tinha uma causa verossímil para se unir, para sonhar, para se lutar por. Hoje não temos causas, nem nos EUA que vive a imbecil “guerra contra o terror” do Bush, se tem um movimento de massa, configurado e atuante, e muito menos aqui. Somos um país pacífico (Pacífico? E a guerra civil que a gente vive no dia a dia pô?), temos milhares de causas para se por em pauta (Como jovens), mas a gente acredita que não temos nada a fazer além do que viver o nosso medo da violência urbana, o medo da competição, medo da assustadora idéia de não se conseguir o que se quer comprar...Então somos vazios, sem bandeiras, somos da moda e somos da Rave, por que pirar a cabeça de vez em quando não faz mal a ninguém, concorda? (Rs).
Chega de falar de Rave, até porque não faz minha linha: Se fosse o caso, preferiria usar LSD olhando o Jimi Hendrix no palco, falando tudo o que aquela juventude queria ouvir e tocando feito um demônio, do que um DJ maluco com aquela parafernália eletrônica no meu ouvido por 17 horas seguidas...
Pqp, o conceito de felicidade da festa furou, já que o nome do sírio é “Terra feliz...”Putz, deixa eu ficar quieto viu...

:)

Monday, October 22, 2007


Sempre

Quando estava no chão, seu braço me levantou
quando não podia enxergar, você foi os meus olhos
quando meu sol se põs, sua presença iluminou minha alma
quando me reduzi a nada, você foi meu tudo
quando eu não conseguia mais acreditar, você foi minha fé
quando a solidão me pesou como um mundo nas costas
você tirou dos meus ombros o fardo
meu corpo sente frio, meu silêncio não me traz paz
é preciso o som da sua voz
quando eu não acreditava mais em mim, você acreditou
força que levanta das sobras
e ergue ao topo
que guarda os passos e espera de braços abertos
que depende e protege
que acalma e revolve
que grita e cala
que apaga e refaz
leva minha dor pra longe
me acolhe em seus braços macios
devolve minha paz de espírito
firma meus pés
desenha meu caminho
me faz ser
me faz viver
me faz sorrir
nesse mundo frio e sem compaixão
cada um se recolhe, se encolhe o peito ao sopro da solidão
chora baixinho antes de dormir
se esquece de sentir
e sem prazer, amortece tudo e parece que até sofrer já não é
nada se sente
nada se cura
alguém maior me quis ver feliz
você aqui meu maior presente
não sou nada sem você por perto
e certo de como o amanhã nascerá
sem mais dúvidas
te quero pra sempre em minha vida
sempre...

Sunday, October 21, 2007



Vanessa da Mata - Boa Sorte / Good Luck
Vanessa Da Mata feat. Ben Harper

É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará
Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais...

Saturday, October 06, 2007


Quem
Eu sou o vento que sopra nas ruas
Nos becos
Nas quadras
Nas paredes cheias de história da Lapa
Sou a lágrima cristalina da vitória
E a não menos pura da queda
Aqueço tua pele escura, da cor da noite
Torno vermelho vivo teu sangue antes opaco
Sou teu orgulho e vigor
Tuas raízes e teus antepassados
Sou o divino brilho nos olhos dos pequenos
Sou o grito da torcida
Sou a raça, o pulsar e a intensidade infinita
Sou a terra, o barro, a poeira
Salinidade do mar
Doçura dos rios
Vôo livre pelo ar
A gíria e a bossa do bom malandro
Do bom vivan, o encanto
O cio da juventude
A união em dias de necessidade
A existência incompreendida
Mas cheia de paixão e amor ao próximo
Sou o perder e o achar
O levitar e o suavizar dos sentidos
Te faço andar
Te faço crer mesmo quando não consegues ver a luz
Teus pés pelas ruas
Pela cultura do povo
Em guetos
Em apartamentos
Em palácios
O diamante é simples
Brilha para iluminar teus caminhos
Faz brilhar a ti mesmo de dentro pra fora
Não precisa alarde
Apenas silêncio
Sou quem te diz
E bendigo
Sou redenção
Sou alegria, festa e valor
Sou êxtase
Sou profusão
Ilusão, paixão e delírio
Gozo e eternidade
Unha na carne
Continuidade
Eu sou o amor...