Thursday, March 29, 2007


Estradinha
Juntos, por uma estradinha gentil
Era como nos sonhava
Quando passava a pé, de chinelo rasteiro
Em frente á minha casa
Diante dos meus olhos
Olhos de quem nada era
Mas em contemplação e enlevo
Degustavam-te com zelo
Ao sabor de dias imaginários
Tua pele sem máculas
O vento brincava em teus cabelos
Passos a cortar meu peito
Teu rastro era um punhado de meus delírios
E eu os juntando do chão
Como quem cata conchas
Eu sei da beleza presente em tudo
Sei tudo o que é seu

Mas tua imagem sumiu
Da paisagem da rua
A estradinha só existia para firmar-te os pés
Ao lado dos meus
Em meus olhos o vazio de rostos estranhos
Perdidos em um vai-e-vem sem vida
Será que algum amor levou-te pra longe.

A estradinha desvaneceu...






Novela

Eu não sou telespectador de novelas, nunca fui...Bom, com exceção da uma novela chamada "quatro por quatro", de alguns anos atrás, que era assistida pela minha turma inteira: A galera comentava as cenas, e situações, discutiam seus palpites sobre o que ia acontecer no próximo capítulo, ou o que deveria acontecer com os mocinhos e os vilões. Não tenho nada contra novela, pelo contrário; Até acho legal, as interpretações de alguns bons atores, textos interessantes, passagens familiares (... eu já vi esse filme), etc...Mas definitivamente não tenho saco pra acompanhar. Acho alguns atores e atrizes nacionais simpáticos, por entrevistas que já vi, coisas que já li sobre eles: Um desses é o Fábio Assunção, que faz a personagem "Daniel" nessa nova novela da noite. Acho o cara bem legal, assim como o tom que ele dá ao apaixonado Daniel, que é movido pelo amor que sente por uma menina simples, cuja brejeirice e leveza o conquistou: Paula. (Poderia se chamar Ana, Cristina... acho mais delicados).
Nosso país é fomentado em uma cultura secular paternalista, e por conseqüência, machista: Nós homens (e algumas mulheres infelizmente...) sempre tentamos ser durões, esconder o que sentimos, engolir o choro e nos privar das lágrimas, crendo que estas são privilegio somente do sexo feminino: Quem já não ouviu um “- Homem não chora”.
Já vi muito cara porco nesse sentido, por natureza, por que aprendeu isso em casa, desde cedo, mas o que acho mais ridículo é ver caras que tiveram uma educação equilibrada (valores maternos/femininos + valores paternos/masculinos), se “forçando” uma capa de machão escroto a todo custo: A troco não sei do quê...
Eu creio em uma outra vertente quando vejo traços da personalidade feminina nos meus maiores ídolos: Escritores, músicos, oradores, jornalistas, etc...Que dão um toque sutil ao jeito de ser das caras, e à criatividade dos mesmos.
Alguns amigos brincam comigo repetindo frases “supostamente” ditas por mim: “-Todas as mulheres devem ser amadas...”, “- O vinho é a bebida do amor...”, “Como vai senhorita? És uma princesa...”, e por aí vai...(hehehehe...) È divertido por que brinco muito com isso, é saudável, mas tem muitas das frases que tenho certeza absoluta que nunca saíram da minha boca...
Parece algo meio fora de moda “ser apaixonado”, parece coisa da Hollywood dos anos 50, com seus belos e clássicos filmes descoloridos, como Casablanca (Quem não conhece aquela famosa e nostálgica trilha musical do filme, só menos conhecida do que o hino nacional...!?). Não poxa, gostar de alguém e gostar com lirismo não está fora de moda não, por mais que o funk e outras aberrantes culturas de massa insistam em dizer isso. Prova do que digo é que essas histórias, situações cheias de romantismo, ainda nos fazem olhar com olhar de bobos para a tv, para as telas dos cinemas, para as páginas dos livros, para o rosto de Chico Buarque em um teatro lotado, enquanto ele canta sereno, dedilhando um violão: “-Não se afobe não que nada é pra já, o amor não tem pressa, ele pode esperar...”. A expressão emotiva da personagem Daniel é cativante, bobo ao falar da mulher que o prendeu em um olhar, em um sutilmente evasivo baixar de cabeça, tímida e ruborizada: Poucas coisas são tão doces quanto uma mulher com um brilho de esperança nos olhos e tímida.
Como já disse, eu não vejo novela, não acompanho, mas certas coisas são legais, são bonitinhas!
Sinceramente não sei o que aconteceu comigo, por que há algum tempo atrás, eu pensaria duas vezes antes de escrever em um blog que acho o Fábio Assunção legal, e que me identifico com uma personagem interpretada por ele...hehehe. Devo estar ficando velho...!
=)

Thursday, March 22, 2007

Me lembro que há algum tempo atrás, um anjo me disse que amava essa canção...Eu já gostava da musica, mas depois de saber que o anjo cantava a canção com o coração cheio de esperança, eu percebi o quão singelo e bom pro espírito é poder cantar versos que falam de coisas verdadeiras, como uma oração de amor, renovando os bons frutos e esquecendo das coisas escuras: Mesmo com tantos problemas, dramas e dificuldades que cada um tem, que cada um passou pela vida, o que alimenta os sonhos e a porção de fantasia tão necessária pra que possamos sorrir, é o amor que sentimos: As pessoas que amamos, a família, os amigos queridos. E para que se chegue ao estágio de amar alguém, é preciso olhar e perceber a beleza de cada um, a leveza, aquilo que de mais nobre e sincero se tem para oferecer: Olhando essas virtudes, o mundo some, fica longe e de tal contemplação nasce uma flor chamada paixão.
Se apaixonar, o que seria? Acho que não é possível definir, mas sim abrir os braços e sentir, em cada póro, cada suspiro, cada instante...

Que essa canção nunca saia de mim, por que me faz um bem danado! :)
RUNNAWAY - THE CORRS
(Tradução)
Fugir

Diga que é verdade

Não há nada como eu e você

Nào estou sozinha

Diga que você sente isso também



E eu fugiria

Eu fugiria

Eu fugiria com você



Porque eu estou me apaixonando por você

Não, nunca

Eu nunca vou parar de me apaixonar por você



Feche a porta

Deite-se no chão

E à luz de velas

Faça amor comigo a noite toda

A noite toda...



Porque eu fugiria

Eu fugiria

Eu fugiria com você



Porque eu estou me apaixonando por você

Não, nunca

Eu nunca vou parar de me apaixonar por você




(Runnaway (live) )


Monday, March 19, 2007



Real

Eu ando ao seu lado
vou assim por que jamais iria melhor
ruim sou eu por mim mesmo
sem sal, falta de desejo
por mim mesmo, por vazes estive pior

Eu ando ao seu lado
preciso da sua ajuda pra montar um castelo
pedra por pedra a cada alegria
pra minha noite, teu sorriso é dia
Dá-me a mão, em ato real e sincero

Eu ando ao seu lado
pelos campos, pelas cidades
a pé, voando ou mesmo em pensamento
cristalina paisagem, alma de puro intento
coração de mel, singela simplicidade

Eu ando ao seu lado
por que na multidão não existe ninguém
um cão que procura e nunca encontra
pelo fogo passo e me visto de honra
quando teu olhar me diz que posso ir mais além

Eu ando ao seu lado
por que vejo esperança
vejo que a nobreza redime
amor é única palavra que resiste
e andando contigo, pra sempre serei criança.















Wednesday, March 14, 2007


Como areia por entre os dedos
É muito louco perceber como a vida dá voltas e o destino te surpreende de maneira absurda! Tanta lágrima e suor, tanta saudade e solidão, paixão e fogo adormecidos debaixo de uma espessa camada de gelo.
Eu saí de uma cidadezinha do interior do sul do país, o clima era bom, e as ruas dos bairros tinham galerias de árvores nas calçadas: Essa imagem da rua indo ao longe, meio vazia em dias de manhãs de inverno, era de fato uma bela imagem! Com o dia frio e nublado, as árvores se despiam das folhas e as deixavam cair no chão, colorindo as ruas...Eu gostava das árvores, mas não tanto quanto hoje, por que não as tenho mais diante dos meus olhos, e tudo o que se perde, cresce dentro do coração. Que saudade daquela pequena casinha em estilo europeu, em madeira escura, como uma espécie de mogno: Era lá que morava Ana, minha doce namoradinha, a dona dos meus pensamentos e do meu jovem coração indomável. Era tão bom tomá-la pela mão e ir até o leito do riacho que passava ao final da rua principal da vila: Sentávamos e jogávamos pedras na água, e enquanto as pedras formavam as pequenas ondas na água, a gente falava de futuro: Nossa! Éramos amigos e falar de um futuro juntos era tão comum e leve que nem parecíamos duas crianças. Ana estava em todos os meus sonhos, e era como se eles não existissem sem a imagem dela a sorrir, lhes dando vida e cor: Ela me sorria quando achava graça das minhas roupas, minhas bermudas largas, quase a cair do meu corpo: Eu achava graça nela, era tão bela e tão apaixonantemente ingênua, como se o mundo lá fora nunca fosse nos tocar, estaríamos sempre seguros no nosso mundinho particular e aquecido, Tranquilo demais que naquelas tardes bocejávamos. Naquele lugar aonde o tempo parecia não passar para nós dois.
Eu já estava com dezessete e meu pai começava a fazer das conversas "de homem para homem", um hábito freqüente:
- O que você acha de ir para a capital estudar lá? Tenho pensado muito no seu futuro e no que vai se tornar...Quero me orgulhar de você assim como me orgulho de seu irmão.

Meu irmão sempre foi admirado pela força e dedicação com que estudava e aprendia as coisas mais difíceis de se dominar. Me lembro que papai gostava de sentar com ele com os livros de mecânica de automóveis abertos em cima da mesa e explicar sobre aquilo tudo, olhar nos olhos dele, orgulhoso, e ver o interesse em saber mais sobre como um carro funcionava. Meu irmão já tinha saído do nosso meio há três anos, e nos visitou apenas quatro vezes nesse tempão todo. Nos poucos momentos que estive ao lado do meu irmão, nessas ocasiões em que ele nos visitou lá, o percebi diferente, como se tivesse mudado e afeiçoava um ar seguro, como se fosse um vencedor, um sortudo por conhecer a capital e o mundo lá fora, toda a informação e todas as suas luzes de neon: Dizia que queria terminar a faculdade tentar fazer uma pós-graduação fora do país, dizia que os amigos dele tinham belos carros e que ele queria um também, falou muito em dinheiro, valores das coisas, preços, aplicações em bancos, falava com um entusiasmo irreconhecível, como se fosse um profundo conhecedor de finanças, juros e essas coisas que eu nunca entendi, e confesso até hoje saber apenas o indispensável. Ele sempre foi um cara inteligente, mas ainda jogava bola com a gente no campo ao lado da casa do seu Jonas, saíamos para tomar banho no riacho, outras vezes pescávamos e era como uma competição, pra ver quem conseguia os maiores peixes: Era muito divertido! Quando caia a noite, cada um da turma ia para a sua casa tomar banho, pentear bem os cabelos lavados e limpos, para irmos ao parque em época de festa na cidade. Eu gostava daquela brincadeira dos tiros, aonde se tem que derrubar os alvos para ganhar um brinde, que geralmente era um ursão empoeirado ou uma boneca de pano: Sempre quando chegava minha vez de atirar eu ficava tenso, e meu irmão sempre chegava perto, segurava minhas mãos já com a espingarda de pressão apontada e dizia:
"- Se segurar assim a chance de acertar é maior, seu jeca... Tem, que segurar assim, como estou te ensinando...”
Ele sempre sabia tudo, sempre foi assim, mas era nosso amigo, estava sempre com a gente aonde quer que fôssemos, mas desde que tinha se mudado para a capital, mudou muito...Parecia até um velho falando, conversando com a gente lá em casa, em um tom quase formal e desnecessário afinal não éramos professores de universidade ou colegas cultos de sala: Éramos a família dele!
Não demorou muito para que meu pai em suas idas á capital, iniciasse sua procura por imóveis, repúblicas e universidades para mim. Nas duas primeiras vezes que ele foi, me chamou para ir junto, mas inventei que estava com dor de cabeça, muito forte para aguentar bem horas e horas até a capital. Na terceira vez em que ele foi, me chamou, praticamente como um ultimato ameaçador:
- Amanhã sairemos às sete da manhã. Arrume sua mochila com algumas peças de roupa, pois vamos ficar lá dois dias. Quero que você conheça algumas pessoas que lhe ajudarão quando se mudar para a capital, e conheça duas universidades que gostei: Quero que dê sua opinião a respeito de tudo, eu já liguei para o seu irmão e ele vai nos ajudar nessas escolhas...Ok?
- Mas pai, eu tinha que visitar a dona Lucinda amanhã...A Ana me disse que ela está meio doente, e o senhor sabe que ela sempre gostou muito de mim não é?
- Se quiser vá hoje lá visitá-la, amanhã partiremos ás sete.
- Mas pai, eu já tinha combinado com a Ana que... (Fui bruscamente interrompido)
- Você tem certeza que quer insistir com isso e me irritar? (Falou olhando nos meus olhos e em um tom acima do normal dele)
- Não pai, desculpa...
- Ok, amanhã sairemos umas sete da manhã: Se fosse você ia arrumar agora sua mochila, e dormir mais cedo.

Eu entendia a preocupação de meu pai naquela época, mas eu amava minha casa, e não me imaginava longe da Ana, seria uma crise realmente difícil viver longe deles todos e eu não sabia se suportaria e como reagiria quando não tivesse mais a comidinha de minha mãe toda vez que sentisse fome, e nem o colo de Ana quando quisesse conversar sobre como nossa vida era legal, como algumas pessoas da escola eram bobas, como eu a achava linda quando estava de camponesa e adorava saber que ela sempre estaria lá por mim...Eu tinha medo de me tornar uma pessoa como meu irmão, como se tivesse congelado e vivesse apenas para competir, faminto por dinheiro...Eu sabia que no fundo, meu irmão ainda era a mesma pessoa, mas escondeu isso do mundo e vestiu uma outra pessoa por cima daquela que realmente ele é: Ele estava irreconhecível até para nós.
...........................................................

Tuesday, March 06, 2007


CASA COMIGO

Casa comigo
deixa eu ser seu homem
deixa eu ser seu amigo

te digo e se quiser repito
se não sabes, vem que te ensino
sou multi-uso, sirvo pra tudo
mato barata, mato mosquito
do coração, bem lá do fundo
guardei-te uma pedra de valor infinito
de bruta matéria à fino produto
depurei com fogo meu coração maledito
maledito mesmo, com pompa e tudo
de tudo o mais fiel sentimento bendito

te digo amiúde, zeloso e contrito
casa comigo
deixa eu ser seu homem
deixa eu ser seu amigo


de papel passado e escrito
casa com boa mobília,a decorar-te os olhos
mesa, toalha, salada de milho e palmito
bem sabes que terás meu colo
nas noites em que teu corpo arder aflito
carecendo de beijos e lingua famintos
a sentirem teu corpo, como nunca dantes o haviam sentido
juras de um amor interrompível baixinhas ao pá do ouvido
o luar redondo lá fora nos sorriria branquinho
te digo repetitivo como um papagaio
Presto e tenaz como um piriquito
que das aves, me é o bicho mais bonito
casa comigo
deixa eu ser seu homem
deixa eu ser seu amigo

Não tenho estudo, nem anel de doutor
mas tenho gosto em viver, força pra labutar no que for
caminhava sozinho, té que avistei uma flor
que tinha teu cheiro, balançava leve quando sentia da brisa o frescor
tanta boniteza, na minha frente, pobre calango arredio
Só podia ser sinal de Deus ou do meu padinho padre cíço
por que
os dois sabem do que eu quero e o que preciso
lembro do teu sorrir, que me guarda da dor, como ovelha num aprisco
radioso te peço, custoso sei, mas repito
tão certo quanto de Moraes, era Vinícius
casa comigo
deixa eu ser seu homem
deixa eu ser seu amigo