Tuesday, October 30, 2007


Combustível

Cheiro de gasolina
Perfume barato
A poeira seca meus olhos e minha garganta
Mas já avisto um bar
Para molhar minha alma com cerveja e whisky
Aquecer meu sangue
Acelerar nas curvas de uma terra-fantasma
Cheia de gente indecente e fácil
Violenta e livre
Esqueci quem eu era
Esqueci as regras
Deixa a sorte dar o tom da balada
Alguma boca me morde na calada
Eu relaxo mas esperto com quem passa
Puxo uma cintura pra perto da minha
Enquanto a noite se agiganta
Hora de açoite e veneno
Morder e assoprar a ferida
Que nunca fecha
Quando as portas do inferno se abrem
Meu prazer é efêmero
Rápido
Ao nascer do dia já não há mais nada
Além de mais estrada
Se perdendo no horizonte de um nunca-chegar
A bota é suja como os pneus
Sujos de histórias de quem resolveu
Rasgar o roteiro
E procurar a alma que um dia perdeu
Já sabendo que nunca vai encontrar
Por mais que ande, que o combustível arda
Que a velocidade alimente
Que o suor molhe e o sol queime

Cheiro de gasolina
Perfume barato
Segura minha mão e não acredite em salvação
Cães de rua, vadios e famintos de incerteza
Dormindo com os esquecidos
Mijando aonde mijam os mendigos
Peito ferido se calou
Para que o ímpeto pudesse guiar
Não acredite em mim, pois não acredito em nada
Você não pode me salvar
Se for contar o tempo passa e a gente pára
Luze mais um cigarro, a fumaça da boca anuncia um trem desgovernado
Prestes a partir
Que segue rumo ao que o destino reserva
Em segredo...

Cheiro de gasolina
Perfume barato
Cerveja, whisky, cigarro
Combustível...