Wednesday, December 13, 2006


Viver de amor


Mas o que será viver de amor? Eu não sei... Inevitável não lembrar de “Viver de amor” de Toninho Horta, canção presente em seu primeiro álbum intitulado “Terra dos pássaros” (1976). Será que o segredo a canção nos conta em seus acordes e melodias refinadas? Será que viver de amor é um sonho, um algo fora, sabe assim? Muito longe do alcance e do controle, algo inquantificável e perdido por entre romances e fábulas?

Mas oras, a realidade é outra rapaz, desde que mundo é mundo para nós, dinheiro é que se precisa para viver, então viver de amor está distante do nosso contexto.Sem contar os entraves que o amor tem que enfrentar para se manter vivo, como caso de um alguém que vai para longe a fim de conquistar um lugar ao sol e deixa um grande bem para trás, ou mesmo a ausência de um amigo confiável, que tenha a ver, entende? Não pode esquecer que a vida é competição, ou ao menos foi assim que aprendemos: Como você vai ter coragem de passar por cima de alguém que ama? Tudo separa, e o amor precisa de conjunto, comunhão, cumplicidade para existir; Acordar de manhã, enfrentar um ônibus lotado lhe mostra as diferenças, as cores são diferentes, as crenças, culturas são díspares, a quantidade de dinheiro no bolso é variável...Ops, viu? Olha o dinheiro novamente! Não adianta filosofar, ele sempre ganha, e o amor... Bem, o amor você pensa no que fazer dele...Porque eu mesmo não conseguiria te dar uma boa sugestão...

Opa, não é bem assim não meu hermano. Posso viver de amor, como queria ou deveria, dentro de mim, nos desvãos das lembranças doces da infância, na apaixonante surrealidade das utopias, nos versos do poeta – ‘...seja eterno enquanto dure, posto que é chama...” -, no sorriso sincero de um homem pobre ao abraçar o seu moleque ao chegar em casa, após mais um dia cansativo, posso fechar os olhos e esquecer do mundo ao meu redor e seus “nãos”, porque viver de amor é um sim, ou um milhão deles, aonde se permite á felicidade realizar-se na alma de cada um:

Amor, quem és tu, ou o que?
És um doce estranho, que empunha em suas asas minha alma
Por dias a procurar-te em rostos generosamente sorridentes
Sendo que em mim estás
Curando-me das dores, ao mesmo tempo que me trazes novas delas
Com sua imensidão, torne-me único
E nem ouso te pedir que apague-me as cicatrizes
Porque sei que não o podes
Mas que estejas em tudo o que eu fizer
Tornando-me melhor
Tornando-me digno de receber-te de outras mãos
Fazendo-me sorrir sempre que uma criança sorrir a mim
Sempre que a vida me sorrir
Me guarde da cólera presente em todas as coisas que não te reconhecem
Com fidelidade sem fim e inabalável
Sinta-se em casa dentro do meu coração
E que o mundo nunca descubra que é unicamente você
que me faz viver...